terça-feira, 22 de dezembro de 2009
A camam sozinha e branca, o lençol esquecido mal arrumado feito a vida.
Disse-se adeus, dizemso para várias coisas e continuamos a confrontá-las, a compará-las como se a vida debochasse de nós o tempo todos e só nos quitasse o que realmente ela quer.
Vida é um gole de veneno que tomamos aos nove meses quando nos explusam daquele lugar de mal cheiro que se chama ventre.
Mãe é um ser milindroso que nos protege até que um dia resolvemos sofrer sozinhos.
Família um lugar ou pessoas que te impõem e às vezes combina com a festade fim de ano.
Descobri ao cabo de muitos poucos anos que não precisa aniversariar nada.
que muitas coisas acontecem pequenas e são mais importantes que essas datas liame que nos trazem placas e outdoors anunciando-as.
Dentro do meu quarto eu festejo o lençol, a lembrança dele suado e deixado no canto da cama. a taça vazia, a cor da flor nunca enfeitada, o gosto do beijo misturado ao bombom de chocolate.
Festejo lembranças, ouço músicas para chorar, escrevo para iludir e ser poeta.
Minha consolação não encontra par, meu desespero tem parceiros pelo mundo inteiro, mas só eu o sinto.
Frágil é a alma que não suporta a vida com essa tonelada toda nos desafiando sustentá-la, Já senti dor piores não seria agora o apito final da morte, não!
eu bebo em goles profundos o momento este que tão só me sinto que suplico minha visita, leio meus textos para recordar de mim.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
O verão chove
O inverno faz calor
não há flor na primavera>
Tudo no amor é meio cambio
metereologia absurda acerta o desacerto
e os temporais causados por nuvens de desespero e paixão
escrevem no pano
no chão
na camisa e por último
numa carta nunca entregue.
Os terremotos da ausência
tremulam as folhas e agitam as ondas da lua cheia.
Uma fenda no solo da minha casa leva tudo a baixo
para dentro da terra
para nenhum lugar cabível.
Partimos ou voltamos
tomamos um barco ou aportamos?
Não há eternidade nem apocalipse na novidade velha do amor desencontrado.
Só o clima de olhos baixos e uma chuva tímida saindo depois de um abraço.
Mas os braços, as pernas
qualquer membro aflora.
Eu nunca imaginei que a gente é maior do que pensa
que o corpo continua depois das extremidades
que a unha é maior do que a gente pinta.
Nem sacola nem mochila
nada caberia o meu corpo guardado
porque os sentimentos vão a lléguas do meu tamanho
estrapolam as circunferências dos pés, dos cabelos
e nenhuma mala me carregaria sem minhas dores
até a calçada da amargura, dentro de um táxi..
Mas o buraco da morte, não
Esse já me foi reservado antes de nascer
e quando para lá eu for
Viajarei completo em ataúde de rosas e esqueletos
num devir de completude
Haverá peixes e leões e víboras
que conviverão pacificamente dentro do coração, eternamente
mas agora é preciso a guerra do corpo
a crise do coração
o medo da vida
o verso feito em caos do mar
para que eu não me caiba,
pra que eu não me saiba.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
navegar na areia da beira do mar
caminhar na nuvem que tapa o sol
beijar a calçada da manhã do dia seguinte.
Dormir na lua cheia
que rodeia esperneia para ser sol
Vamos viajar pra bem perto
pra não sentir saudade
pra não fazer maldade com o outro
Pra ser solto na vida
pra curtir feridas
pra salvar os prantos
pro canto desafinar no último gole de melancolia.
pra entender ou fingir qu eentendeu a vida
é preciso escrever o que se farta
o que falta no coração na veia
no músculo menor do corpo.
É preciso dançar a valsa vienense
ler o livro mais barato
pensar que se sabe literatura
ou filosofia
É preciso querer tudo
para entender que não há nada:
o que fazemos pode ser melhor
somos acima de tudo um fracasso dos nossos planos
não amamos o suficiente
nosso poema não rimou
a vida valeu só o salário que ganhamos
a reforma da casa não deu certo
ainda ficou um botão aberto
e a morte anuncia aos anos sua chegada, definitiva.
O mundo não tem mais jeito, poeta.
Poesia, pra quê exististes
se acompanhaste os amantes para matá-los
iludi-los com vinho
e ressaquia-los de ausência?
.
O némero é aleatório, mas a realidade é obscena e veradeira.
Não há mais calçadas pros indigentes, atropelam-se mendigos em semáforos no vermelho
anunciam um apocalipse eterno
crianças raquíticas brincam com ratos e jogam varatagar
s no estômago vazio.
Apontam o dedo e arma para eles todos
lodos, esgotos pisam seus pés desdelicados pela falta de chinelo
o belo é feérico é fedido
No Rio o pão de açucar assite a estréia da barbárie
em fortaleza fechamos vidros e sentimos muito pelos cachorrinhos abandonados sem alma.
O cristão, o pagão, meninos sujos de beleza borrada de favela
estende dedos com unhas pretas e ganham a pena de vê-los assim
ou o um troco de medo.
Sinal abriu, vamos embora,
temos que voltar a pagar as contas do mês
até talvez o dia do ataúde roxo, nossa futura mansão e vergonha.
precisamos comprar pa
domingo, 13 de dezembro de 2009
Mira los jardines secos y rojos
Mira los ojos trépidos que llaman las nubes
Mira un hoja que cae sencillamente.
Todo es perdido en la rama suelta
Pero seguro esto de mi mano en la tierra
la fruta grande del amor casi nacido
no disminuye la lluvia que insiste.
tanto miedo, tantas pérdidas
y yo amor, aquí, tengo de salir de ti.
tengo que salir de amigos
tengo que cambiar aceras
tengo que pedir un vaso de vino solo en la mesa
sin papel, sin boligrafo que me quite un sentimiento sólo.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
amputa, tira e espreita-nos em faltas, os próprios fatos
É assim mesmo, disse minha mãe ao telefone, sempre confidente de quase tudo.
e corri o corredor várias vezes tentando imitá-lo
recuperado desde 2005, mas sem tocar.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
Engasgo. Vegonha. Culpa.
Vida parou?
Não.
Ameaça. Silêncio. Onde?
Tudo. Nada. Para onde?
Telefono. Amigos.
Medo. Vergonha. Suor. Frio. Calor e Medo.
Fujo. Chego. Ninguém, nem eu.
Acordo. Durmo? Quem sabe!
Músicas. Poemas. Músicas. Poemas. Nossos
atropelos, sangues, mortes, perto, tudo perto.
Tenho dentro de mim neste instante: atropelo, sangue, morte, pertos.
Lembro, tudo em minutos, lembro, lembro sim, mas não contarei nada
Ninguém me escuta, desaprendi a dizer, a defender-me.
Todas as palavras não ditas.
todas as palavras falhadas, falidas, minhas filhas, minhas, só minhas.
Aproximo de mim esse cálice,
quero que minha vontade não seja feita
quero bebê-lo todo
afogar-me em vinho de sangue meus atropelos
minha morte viva, agora nesse minuto.
escrevo e não sou poeta, escrevo, mas não sou poeta.
escrevo porque e mim há mãos, olhos, dedos e um choro e o sorriso que me lamentam
quero sempre dizer, no silencio, num silêncio
todos ouvem o que eu quero dizer no silencio que mata o meu choro
pelos atropelos, sangue, morte, desespero.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
enquanto eu, atravessando qualquer rua para chegar
vinha quase oco. quase papel solto, picado
chorando a decisão intima de sempre: amar ou não amar?
Copo vazio, prato sozinho, mala pronta na memória
cartas rasgadas pelo pensamento de que tudo é frágil demais
Roupa secando no varal, noite barulhenta
em mim, só um vento que me fazia cobrir o corpo todo e se proteger desse frio na vida toda.
Sim, Não, Talvez, são respostas dadas à vida de golpe!
Eu nem me arrisco a riscar a resposta certa.
Vaqueio entre cada item e me torno esse ser de hoje:
sem nexo, sem coração, cem pernas de saudade de mim.
domingo, 8 de novembro de 2009
temo as coisas efêmeras porque
é chave e segredo da porta que será aberta
pelo nada que temos.
Quem quer somos nós e nossa ciência carente.
Porque a poesia mesmo não e minha, de ninguém
É bando divido em silêncio norte e ferocidade leste
e sua forma se encontra num inverno em esboço e primavera
quando se quer ser feliz ou triste..
A palavra não tem dono
e menos eu tenho certeza do que eu digo
ao me encontrar de frente pro papel transbordantemente sem palavras.
Ah! vício intacto ó de escrever
étereo engano do homem em alcaçar o já perdido,
o mundo sem consolo
a variedade das coisas sendo sempre as mesmas
em existência de dor e simplicidade.
Nem Eu
dorival caymmi
Em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor
Não fui eu
Não fui eu, não fui eu
Não fui eu nem ninguém
O amor acontece na vida
Estavas desprevenida
E por acaso eu também
E como o acaso é importante querida
De nossas vidas a vida
Fez um brinquedo também
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
fácil e dificil é amar o amor intumescido de nãos:
soberba aprendida na perda das pernas juntas.
a noite não me convida ,os amantes pequenos
culpados pelas escolhas somos todos nós,
adictos d pensar e não podermos vencer o que já foi reservado.
vamos, vida, larga mão por mão o meu corpo e me deixa,
sozinho
decidir o que todos não souberam crer.
deixa, Amor, que o lenço desesperado emdespedida acene
um adeus
imaginado na minha cabeça
pesando no choro da poesia em cordas amarrada.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
o amor engana a noiva na Terra
Mulheres são metidas em preservativos
e visitam na prisão mais tarde o latrocínio
dos pobres e estúpidos viciados em material de guerras.
O poder soca no meio da mão a morte do outro
cada um assassino de si e de um próximo encolhido pela inveja natural das coisas
e o jogo de interesses da literatura de Machado
faz o homem girar e empobrecer o mundo de idéias e moral.
Tudo bem! Sou de um mundo mesmo assim
escrevo porque o vento sopra onde quer
porque o espírito santo é verbo e apocalipse da carne agora corroendo tudo
em meia-palavra: poesia, que escrevo agora.
visitado pelo vento madrigal de lembranças
e a memória do dia de hoje suam a pele enverdecida da minha sombra.
Meia luz me acompanha no quarto e um livro de poesia desconhecida não me dá ganas de lê-lo.
Quem era eu, que tanto devorava livros de poemas e relia-os estupidamente 3, 4 , 5 vezes
para lembrar das minhas histórias.
O tempo faz a gente vomitar o que outrora amávamos?
mas então, que diabos é a vida a não ser a confirmação de desencontros, desgostos e surtos de dor?
Abro o livro e ele não me tem mais em letra alguma.
Não há contos, não há poemas, só uma chave tomando a mão e trazendo o medo de ler
abrindo o quarto das derrotas.
de preferência uma canção
a mais sofrida
o poema, o mais pessimista
a dança, a mais clássica.
tudo no amor é óbvio
em todas as histórias, em toda a minha memória
de quando pouco ou muito amei.
Ama-se, beija-se, briga-se, perde-se, morre-se
e a vida se disfarça em um prazer torto deum abraço sem aperto.
Mas todos queremos amar, ou pelo menos pensar que um dia amamos
é parte do roteiro teatral do drama sucumbido e sem palco da vida de todos.
a morte é certa e dpois dela, continuar a viver
O amor acabaa, mas não morre
as cartas formam um maço escondido até chegar os setenta anos de idade
quando o mar já tenha tomado essa cidade
e naufragado seus aamntes litorâneos.
vi sem medo meu futuro incerto
na palma da mão da vida
piquei cada marca e ela ficou ferida
fenda
buraco sem fundo
mundo a esconder o amor da mão da gente, nunca o pegamos
nunca fazemos senão senti-lo e sofrê-lo
porque assim mandou toda a praia e ondas dentro desse mar da minha vida
e assim vou sendo esse ser de felicidade esquizofrênica.
sábado, 31 de outubro de 2009
que amei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e alucinações
por mea culpa, minha tão grande culpa.
de não ter aprendido viola e fazer serenata
um estribilho só para um noite em declaração e estrela.
Fui bombardeado seguidadamente pela novidade de um abraço de manhã
e uma convicção de adeus à noite.
Fui levado à mesa de cirugia
para descobrir os tumores que me surgiram nas últimas horas
e o pior,
fui convidado a aceitar e tragar a minha culpa por todas as narinas que me são os poros,
e choro.
e teu corpo foi tão meu que eu tive uma certeza: de que dali em diante seriamos
éramos, vez por outra toda vez.
Porque, amor, não sou teu sexo, sou teu bem,
sou o presente que lembro de comprar debaixo do sol quente
sou a música quando escuto no compacto emprestado pelas tuas mãos
sou o cíúme que à porta abre para dizer quem eu sou e quem tu és
sou manhã, noite, tarde e mandrugada lembrando de um beijo ainda não dado
sou a tua geladeira, ventilador, sabonete escova e toalha úmida me esperando uma visita
sou tua chaga às duas e cinquenta e quatro da manhã sem sol ainda
sou um domingo, previsto a tua estréia e minha dor lançando chamas e chuvas
sou um poema em desespero de vento sem força para levar a nuvem
sou dedo com ferida pequena, doendo a noite sem dormir
sou menino pequeno acordando sem ti, hoje e sempre agora.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
A cítrica existência perfura o miocáridio e meus tumores do porvir.
A poesia sairá pelo sulco do meu suor, desesperada.
E quando corro desatinado a procura de bilhetes de ninguém?
Procuro um amante em fotos, em cartas e poema feitos por mim.
A toalha de renda, o açucar sobre a madeira, todos brancos
interferem no oposto rubro e fétido do meu amor assassinado covardemente
em via pública do corredor da casa.
Sopro da vela sai do fogo que a acendeu
mas de mim, nem o contrário de um poema"
Os palavrões verbos prostitutos da esquina da linguagem não dizem por aí
nada trasubstancia o agora me poesia
e minha mão não sustenta o papel para dizer-te que o amor é grave
e a morte é seta atingindo o o peito do tempo.
domingo, 11 de outubro de 2009
voltou de muito tempo sem memória.
Não sei como contar minha história
Mas sei do meu sonho pequenino.
Queria ser feliz como antes, menino que jamais fui
Ser homem de desespero e ilusão, ser rico , ser cristão.
Queria viajar pra bem longe, mas voltar logo de saudade
Queria amar e desamar sem perigo de perder nada, e de verdade,
sem escrever carta, sem ouvir música, sem pintar quadro
sem nenhum quadrado de medo do amor e de outros sentimentos.
Queria ser feliz num momento e logo ser capaz de destruir minha própría alegria
Queria era ser maria, bastião e ter todos os apelidos da terra e do além
Queria ser todo um ela x ele e outros sexos que existissem
queria ser poeta, músico, pintor, carpinteiro, filósofo, professor e um prefácio de livro,
uam bula de comprimido
um ser ínfimo e o próprio Deus
Mas vou sofrendo de não-ser e de ser
como uma questão mal resolvida
de muitos tempos sem corpo, sem memória.
domingo, 4 de outubro de 2009

Hoy el cielo tiembla la emoción de tu canto único
llueve nubes por el corazón libre
que se hizo héroe y vilán,
pero se dijo argentino,
se hizo molesto a los tiranos
y en el encenario luchó con las armas de la voz
que no muere hoy, sino canta aún más furte.
Gracias a la vida que nos dió Mercedes
Que me dió dos ojos y dos oídos
y una sola pierna para buscar su canto.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Perdoe.
Quero dizer, não perdoe a negação de ter a que foste condenado.
Espera nessa calçada- cama
a lama vermelha que te assaltará juntos as cachorros moribundos
com quem compartinhas noites, misérias e sujeira.
Não és ninguém, escutas a todo tempo da boca
que nega um tostão de consolo e te joga qualquer coisa a comer.
Feijão, arroz carne e bife com batatas
Almoço no restaurante do outro lado da rua
e tu, amigo em miséria distinta,
não tens sequer um braço
que te jogo na íris da rua
e te faça menos gente.
Pois que fosses animal,
um cachorro de madame que tem todo o luxo
e serve para lamber a ferida nas caras burguesas da república do pão e circo.
Vai, te aconselho a viajar, definitivamente,
lá nao terás nada a pedir nem a sentir
O mais completo vazio que toda alma transborda agora.
que mude
Não sei?
Um deus, uma tempestade, uma vírgula no fim de um texto inteiro,
muito medo de morrer e tu continuares,
uma esperança do porvir,
uma saudade daqui, a toda hora.
O pavor de ir embora
e o mundo mudar de opinião.
Mas, e o universo que nos une?
Quatro paredes estreitas
estrelas estridentes num céu sem rima
refúgio do refratário poder de amar
sem manter segredo um pro outro.
O poema preferido?
mas palavra nenhuma resolve a poesia
nesse instante.
sábado, 26 de setembro de 2009
Minhas muletas tropeçam sobre elas mesmas.
Sobre a lembrança do beijo partido na partida
sorvo o meu instante agora, quando caminho.
Vomito teu nome e todos vêem.
Sangro pela ponta dos dedos as histórias que te contei a noite inteira.
Poemas ditos
papéis revelados outra vez
medo de não restar mais nada
e um fio no coração diz que tudo pode estar perdido.
ma so amor, esse sim, absoluto
me sustenta no caminho cambaleante de volta
Eu já era tão céu e nem sabia
Fiz- me inferno quando condenei a mim e aos outros
a uma culpa que era de dentro do meu inferno.
Cruzo com pessoas, quais são elas, o que são em meio a tudo isso que só pertence a mim
Não tenho resposta nem para dizer te amo d e novo
e volto engasgado do pé ao coração inteiro sem força pra desejar bom dia.
terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dois velhos comendo- Goya
Mas o sol chegou primeiro e advinhou que
tudo já não é mais o mesmo.
A esperança de desenhar o mundo completo e suas estações
turvaram-se como um sonho mal lembrado.
enquanto o tempo, passando fazia-nos atrasados.
Pacificamente permanenciamos sentados numa verdade
de que não havia o que fazer.
Nada interrompia o beijo amanhecido,
a não ser a moléstia dos carros que não amavam ninguém.
O vento trancava-se conosco no compartimento branco
e as vozes que cantavam no rádio substituiam os pássaros escuros pela fumaça da vida.
Somos hoje souvernirs guardados dessas viagens de quase ontem?
segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O SEU SANTO NOME
Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 19 de setembro de 2009

Melancolia -Edvard Munch
Queria dançar a miséria humana.
Mas é tão óbvia que não a encontro no corpo.
Não é a miséria do prato vazio e do intestino seco.
Quero a Miséria, a mais desnutrida da alma de todos os que encontro, conhecidos ou não.
A miséria que nos dar um salário pifil
uma TV burra
e um beijo otário, to-dos os di-as da vi-da!
"E falecer num carrinho de lixo é tão injusto quanto morrer de amor,
ou pior ainda, quase morrer de amor",
disse seu josé carlos falecido de fome no hospital público do bairro
A miséria da falta de amor gerou todas as outras
pelos séculos dos séclos,
e Nijinski ficou louco
e Nietsche morreu antes de deus.
Deleuze ainda é lido,
mas ninguém dança mais,
os palcos tornaram-se mais pó desde a última bomba explodida.
No meu pé há uma ferida que não me deixa ensaiar,
no coração há muitas outras.
Mas a Dança espera a asperesa dos nossos sentidos limitados.
Bailarinos, escrevam seus pés para os palcos da rua,
das casas alheias
o mundo anda sitiado agora
há um novo muro de berlim em fortaleza, em tokio ou me paris.
há muitas faculdades de dança
e pouca gente dançaaaando no piano de Debussy.
Assisto no camarim o episódio que penso e vou embora sem aplaudir a obra:
morta e fracassada.
Chego e não durmo
Choro e não adianta,
a dança no meio do mundo falsa se cansa.
Asa única de ícaro saudoso.
Meu coração, de tão penoso, pediu pra chorar com ele.
Vigiei estrelas cadentes,
o Halley mais recente,
e o poema que tinha perdido o universo caiu na minha mão.
Talvez foi só medo de voar mais e o sol consumir tudo, à tardinha.
Fiz descontroladamente o pouso raso no vaso da flor que te dei, sobrevivente.
Estamos os dois, a gérbera e eu sustentados ainda
pelo diálogo de perfume e memória.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009

VAN GOHG- shoes
Queria calçar-te saindo pelos dedos um sulco de suor de muito tempo de sapato.
Queria uma vida interia a caminhar sobre ti
a pisar teu corpo e senti-lo feito terra
a tocar as costas (tuas) feito mar,
misturando água e terra na praia
e ir no ar (mesmo que se gerasse um cacófato)
Brincar ao pôr-do-sol e vigar a noite com conversas.
Ter pouco dinheiro para divertir-nos, ou nem ter.
Escrever todo dia um poema e mandar por e-mail
Telefonar uma, duas, três, todas as vezes que minha voz quisesse que fosse tua.
Tomar banho tomando teu corpo liso do sabonete gasto
Ter um beijo misturado ao pão, café e sobre mesa sem toalha
Ter o tempo esfregando a mão na gente e sendo amigo íntimo.
Valorizar o teu abraço último como um todo e de sempre.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Poema
Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz,
Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz
voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia
No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano,
porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula,
y los gestos, esa arquitectura de la nada,
encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro.
Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo.
pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa.
Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo,
busco esa línea que hace temblar a un hombre en una
galería de museo.
Además te quiero, y hace tiempo y frío.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Dancei um tango dentro do banheiro
Tomei veneno e vomitei, de brincadeira
Só para saber a sensação do suicida.
Quis andar a cavalo, sentei no sofá quadrado esquecido na dispensa
e viajei olhando o mapa mundi, apontando ocm o dedo.
Lembrei de como fui hoje pela manhã, rude, beijos, carinhoso, agrado
Café com leite e pão para enfrentar o dia inteiro só, a ânsia de voltar pra casa
como se fosse um cárcere de refugio.
No trabalho, no asfalto, os amigos, aah, muita gente a conversar assuntos que nem sempre me interessam.
À noite, a noite e sua promessa de morte e vida
O vento tomando o corpo nulo
atravessando mais por dentro do que a janela ruidosa.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pintura: Paixão- Alice
Vou embora, mas já estou em casa! Nem para onde ir tenho, nem para partir e me despedir sirvo. Esconderei minhas pinturas feias, meus cadernos rabiscados com o sonho de um poema, com o meu nome e o teu repetidos, variadamente nas ortografias tentadas, na minha peleja de fazer as coisas diferentes. A tv ligada, o forno aceso o café quase fervendo e a vida não acontecendo em nada. Todo dia acordo às seis e comprovo-me, vou suportando ouvir meu nome pronunciado pelos outros o dia inteiro e sinto-me feliz, por quê? Tudo o que tenho é a inútil sensação de que sou todo verdade. Faminto e sedento, sempre. escondido no guarda roupa meu medo de ser deveria ser entregue a um baú, mas não se fabricam mais baús, portanto tenho que guardar o velho medo das coisas junto às roupas novas, inéditas e inúteis. Minha hora já chegou, tenho que partir antes que eu mesmo chegue e me assalte com mais lembranças .
domingo, 6 de setembro de 2009

Escrever poesia é quase tão óbvio quanto chamar pelo teu nome à noite
sabendo que não estarás ao meu lado.
Há um segredo nas palavras que elas não contam a ninguém
e eu, morro de medo delas,
parecem mais minhas inimigas e se disfarçam em companheiras
assassinando pouco a pouco o que me foi o poema ideal.
Amo, escovo os dentes,
tomo banho, choro por ti, pego ônibus,
sinto calor, viajo com outro, tenho saudade
e a poesia só me deixa lembranças, nem um abraço sequer.
Volto com frio à rotina, mas o poema ainda existe e quer ser feito.
Não há papel nem tinta
só a validade do sentimento que outrora formara a razão de tudo.
Pintura- Guitarrista- Picasso

Eu vim para que todos tenham vida,
mas eu morri.
É mais fácil um camelo entrar por um buraco de uma agulha
do que um rico entrar em meu reino, mas eles mandam no mundo.
Vá e não voltes mais a pecar: nem sempre leve isso a sério.
Pai, não os perdoe, eles sabem muito bem o que fazem.
Vão em paz, mas interfiram a história com a Guerra.
Cristo foi poeta sem publicação
sua poesia escreveu na carne e, talvez, em alma.
Rasgaram seu livro. A biblia não é o seu verdadeiro exemplar.
Cristo era pequeno, feio e pobre, mas se disse rei
e nos ensinou que amar a si mesmo não é narcisismo.
Pintura: Christus- Odilon Redon, 1988

Domesticaram a Cruz em Veneza
Incendiaram igrejas aqui ao meu lado
Profanaram o meu nome
e proibiram a Fé
Viva o Humanismo e sua desumanização paulatina.
Viva a pintura abstrata e a fé morta,
Cristo não faz sentido nem eu.
Minha oração, começo pelo Amém
e não vale nada meus joelhos feridos de promessas.
Deus é morto e ressucitou ao terceiro milênio
quando todos morrem de fome e a arte pode ser sepultada.
Pintura: Arnulf Reiner- A Cruz
domingo, 30 de agosto de 2009
não seria um abraço o lençol de que precisava esta noite.
Não seria nem sequer a caricia do teu beijo que me lançaria fora da tristeza de então..
No mundo há o tormento de querer e poder amar,
Desencontro fortuito e contínuo
Determinação e contaminação dos deuses.
O que me salvaria hoje seria a tua presença silenciosa ao meu lado e o teu infinito nome saindo da minha boca acompanhado de eu te amo, e ao fundo uma canção de saudade. Seria o abraço meu no teu corpo inerte, sem corresponder, apenas parado debaixo das minhas mãos, prontos lençóis de caricias.
O que desejo, amor, é que tu sejas comigo como agora eu sou ao teu lado, mesmo distante. Que saibas da lagríma guardada em vidros, das cartas em baús e cofres, do sangue doado a cada poema e dos naufrágios noturno dos meus sonhos que martelam no meu futuro indeciso.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quero senti-lo ao lado
companheiro da inseparável solidão noturna.
O cigarro exposto sem ganas de vir a boca
o copo vazio longe da minha mão seca
o coração por dentro tinto e doendo
Há uma música piorando o cenário do meu drama
roteirizado pelo fracasso e desentedido amor.
Falta-me caneta, papel e palavras
e segue a noite...
flutuando sobre a sala solitária da lembrança
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Ser tolo é quase tão inevitável como perder o grande amor.
Pensei em voltar atrás
Veio um carro e atropelou meus argumentos, minhas cartas e minha inspiração.
Será por que sou libriano?
Ou por que a culpa é sempre uma mortalha amarrada ao corpo,
um sentimento vitalício.
Mas a maçã adâmica era tão doce!
E por que me deram, e por que não comê-la?
Não seria o arrependimento outro nome à culpa: o não ter cometido.
Prefiro o tudo ao nada,
a lágrima por não ter a escolha
e disfrutar por tempos da tua ausência.
Não encontrei um sequer que me revelasse em versos a dor do amor,
sacrificante e satisfatória.
É que o amor, mesmo não doendo, dói...
e quando resolver maltratar
não sem muita ferocidade é reticente e refratário
mata o que na vida ainda restava de alegria
e a gente emburaca o desejo toda a busca que até antes de
ontem era a razão vital.
Resta tomar um lençol e pôr debaixo do peito
Tomar um bom vinho, escutar um tango
e recordar um pouco, lendo Neruda.
(Carlos Drummond de Andrade)
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo
É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz - morte - mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
gasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
Carlos Drummond de Andrade- A Rosa do Povo
domingo, 23 de agosto de 2009
Calçada com lixo
Jardim desflorido
Pano rasgado
Seio sem leite
Criança chorando
Orgasmo sem gemido
Silêncio sem música.
O tempo todo numa mordaça
O pescoço engasgado
A mão, trémula
O coração se acostumando
E há deuses
Mitologia amorosa em bancas de revista
E a poesia sem saber mais o que escrever.
sábado, 15 de agosto de 2009
em que neles me confessasse mentindo
mas seria preciso
amor,
mais saudade.
O que há em mim é o tormento do mundo menor que o meu coração
O mundo que não é maior que Drummond
o mundo que faz barulho nos carrosda pista escura
o barulho que faz meu coraçã falar por mim
ele geme, ruiva, estremece e morre, antes de tudo
como se nunca fosse existido, como se eu tivesse morrido no alfa
Busco um fim para a s coisas, mas elas
só começam
só reclamam
só dizem, só buscam
e eu finjo que vivo em paz com todas elas
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Da palavra fugindo
Do medo dos anzóis tirarem do mar mais ferocidade
E a solução do amor, de repente?
Mas precisa-se na vida fazer tudo ao mesmo tempo.
Porque depois, ou, logo, se morre.
O pão pode não mais ser feito
O grão não ser aguado
E o medo de perder inflacionar.
Preciso escrever uma carta sem envelope
e dedicar o poema mais belo.
Para você esquecer logo de mim e eu me acostumar
com a feiúra dessa pintura
Que fizeram de nós, separados.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Faturas vencidas%
Lojas fechadas]
Gente demais na rua*
Carro buzina a avenida!
E um monte de homem e mulher
fingindo chegar ao trabalho e a casa.
Perderam- se o dia todo
O beijo do filho
o calor do amado
o almoço temperado com calma.
Cidade grande é assim mesmo
cresce rápido e diminui os seres da gente.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Choro guardado pra ser feliz
Olhos disfarçando o medo de tudo.
E o mundo fora de nós.
Blasfemamos contra o oposto ao amor
Fujamos pela imaginação
aos desertos de sal
às montanhas chilenas
Para dentro das petálas das rosas vermelhas.
O nosso amor brincando no jardim
de olhos fechados, pensemos.
Não nos beijaremos para não acordar do sono
do sonho tido como verdade
da verdade falível de todos
e nós deitados, fixos ao corpo inteiro, faltando espaço.
domingo, 2 de agosto de 2009
É ela o máximo encontro
Um verdadeiro passear eterno
em jardins e cemitérios
flores na mão, nada de tempo.
cheiro de céu
chão de nuvem e lá no alto de tudo:
o amor pra sempre
absoluto e como nunca vimos antes
sou teu noivo e tua noiva
todo de branco e azul
rosa vermelha no bolso
nada mais absurdo e comum
do que o beijo de "tudo está consumado"
consumado, consumido
amado x amado
como num jogo de corpo e alma divinizados
segunda-feira, 20 de julho de 2009
tus pecas son mi sendero corto que me llevan a ningún sitio.
Pero allí, solamente allí es ´donde el amor encuentra su abismo y su castillo
Y es cuando la beso que estoy seguro que es poca la vida para tanto amor.
No, amor, la vida es otra, no es este llanto débil y caliente
que nos escribe perfectamente en toda la noche.
Es que el rincón más absurdo de la calle peligrosa de la angustia
fue la dirección adonde nos obligo a ir el tiempo
y nos volvemos desgraciados, pero muy amantes,
esclavos libres de abrazos tontos y labios vértigos.
Te encontro todo dia em mim.
À tarde, no almoço.
De dia, em qualquer rua.
Na madrugada, pelo telefone triste.
E eu, sem sono, pensando... pensando.
Vontade de desenhar em papel colorido nós dois de mãos dadas.
Meninos que lêem e relêem histórias tolas e sem fim
Infantes perdidos no mundo um do outro
Ressucitados do caos de quem os expulsou de lá.
Meu ser é sem certeza do que pode estar certo!
Minha alma vagueia em muitos segredos que eu conto só pra mim, todos os dias.
Nem tu, meu ouvinte sempre taciturno
Sabe dos meus papéis ensangüentados, sem poema
Sem inspiração, sem literatura, sem ar.
Mas a certeza do amor, é hoje apenas uma certeza.
E isso me deixa sólido plantado pela planta de um pé só
Na tua mão, ou não, se me jogas,
Mas facilmente dançando sempre na arena arquitetada pela poesia eterna.
domingo, 19 de julho de 2009
A vida e sua história fedida!
As flores e seu cheiro alusivo ao amor e a morte
Segredo que não sabemos origem nem destino
E um oco no estômago, menor que o do coração, sempre.
Farsa é que todos os dias acordo e acredito que se renovam as esperanças.
Sim, Mas junto dela, em fila, a desacreditança, o pavor da bomba que explode em qualquer esquina, em todo coração.
A noite que se torna cada vez mais longa em mim
O sol e a lua discutindo uma possível desisitência de estar no céu
E Deus, com seus planos fracassados por falta de parceria.
Dói a carne toda, a árvore, da raiz à copa.
E o mundo com seu movimentar-se fazendo tudo isso repetir.
Nada mais é meu, compartilho-me com todos
E saio para pegar o ônibus sozinho
Doido pra que levem logo a alma e atirem seus pés num inferno e céu nada cristão.
Tudo está entupindo o esgoto da minha razão humanitária
Tudo cauteriza a sensação imediata de sentir
Mas sento um pouco consigo não morrer de fome
de pão e sentimento, que andam matando muita gente por aí, agora.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
O mar é muro dum azul verdim.
Teu castelo é grande asSSIM!, na minha cabeça de poeta
Por isso, agora entendo
porque quando danças és imensas!
O mar se mexe rápido, ostentando todo o segredo simples de onde ele vem.
E tu, criança desde não sei quando
danças por causa das ondas que todos os dias vês?
O castelo de cima do morro, o palco.
O mar lá é embaixo, platéia.
E eu perco, no mais das vezes,
teu sublime movimento simples de quem sente o continuo da vida e do corpo.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
desavisada da vida
do que seja a fome
pequena ainda
corrói meu coração, menor ainda.
Mais lágrimas
Mais uma vez o terror no meu dia
de mendigo, de mim
E eu que ando pedindo esmolas a mim
que suplico mais um pedaço de piedade
p suportar que revira o estômago injustiçado.
Mas ele queria só um prato,
Por favor, senhor!
Por favor , senhor!
Amedronta-me a medonha dor do mundo que me faz só isso
Vejo, revejo, conceito, mas não é isso!
é fome, é miséria, é simplesmente não ter, nada.
Nada se sentir porque nem o concreto do almoço desce naquele dia pelo esôfago.
Uma esmola, por favor, Deus, Ateu, homem de paletó
uma passagem só, pra votar pra minha casa.
Para mentir por qualquer coisa
pela pedra pelo feijão
ou pela mentira mesmo que já é miserável e concreta por todo canto.
domingo, 5 de julho de 2009
enchendo de espeinho meu jardim despodado
A grama me engasga o cabelo da planta cresce
a samambai está quase vermelha
e o verde se arrasta para um marrom adormecido.
Um cão urinou em cima da única orquídea
Secou a rosa perfurada pelo besouro negro
abelha não mais visitou os girassóis
meu coração faz tempo que não toma água e desarraiga no pranto único e meu.
Devasto o pouco espaço que me resta p encher de esperança minha casa
imaginária e sem visita.
Flores escuras
foligem de carros
ar rarefeito nos meus pulmões já sujos
Tudo na cidade é fétido como no coração do homem.
Tudo me soa como um féu na língua e desacredito o Jesus Cristo e o Buda
e o êxito da fé.
Meu medo é ainda maior
Meu medo é de estar vivo e assistir o pior das coisas
o que estar para acontecer!
As montanhas estremecem nos meus olhos e um grito de pavor e ódio me socorre deste inferno.
Me confesso a mim mesmo
sou eu quem me escuto
Ninguém mais é meu ouvido
nesta sexta feira-santa amaldiçoando minha viagem de volta
ao sepulcro de minha realidade puta.
........................................................................
Veia
há veneno no sangue dessa gente porra
meu mundo é uma ladeira
uma idade média mais escura
um quadro de Dali sem vanguarda
uma alma nunca posta no corpo
um lençol rasgado na noite fria.
meu amor um fracasso externo
uma derrota de guerra
um cavalo sem ganas de voar
Minha nuvem
cinzenta e semm chuva
atrapaplhando a nebulosa parte do meu cérebro que lança fogo
pela boca que não tem voz nem poesia.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Frio no estômago
malabares nas veias
passos mórbidos nos neurônios
e o coração apenas batendo,
sangra porque é seu alimento.
Minha poesia não comporta mais tua mão!
Me seguras a perna na palma e ali me tens por quase-inteiro.
E quando eu pular e dali sair
Vou pra longe digo adeus e volto
volto volto volto
reviravolta de sentimentos borboletas que possuem asas coloridas
e uma história em preto e branco.
Poemas e poemas e poemas foram feitos
pensados
abandonados
o telefone esperou por horas
o email não foi respondido
Tudo porque era preciso, os outros ordenaram que não podia mais.
E nós nos atamos, tapamos a cara, furamos os olhos, tudo culpa nossq, pra sempre
até daqui a pouco quando eu voltar e nos sabermos de novo.
A vida anda sorteando efeitos em mim
Essa vida que todos dizem viver me dá medo
Eu, sou um estranho à vida, à vida de todos
O mundo morre de fome e de barriga cheia
Homens que se irrompem no dinheiro
Mulheres que se empanturram de saltos
E outros seres, que não tem nada a ver
Se entopem de fome e lençóis quadriculados
Em camas de papel dormem
E ali sonham a vida futura já morta.
Deus não existe mais, mataram-no.
Mas por que ver tanta piada no que um dia foi criação?
O homem é a imagem e semelhança dos animais selvagens
Bruto, desnatural, mas escreve poemas.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Homens ricos e pobres aos que alguma coisa falta
Ando mais dentro de mim, mania de quem se diz poeta
E pensa em cada passo no ladrilho um verso ou estrofe completa
A esmola negada
O táxi a buzina.
Dizem que a vida pode ser mais rápida
Que o outro não existe e eu menos ainda.
Stop, no sinal e nas filas
Silencio nas repartições e hospitais
Regras e remédios fazem a vida um luxo precário que todos querem eterno.
Há dezesseis tempos era meu corpo estendido em lenços brancos
Eram nuvens brancas onde dentro guardavam o enxofre e o corte letal de minha parte.
Foi de uma vez só, dormi e quando acordei, nunca mais fui eu
Algo de mim em tiraram, o pior, avisando antes.
E depois era noite, depois manhã e não se fez dia
Depois sobre o embaço de tubos e desespero
A lágrima forçado do era mais seco
A ausência foi sendo ela mesma em mim todo
Como se sentisse saudade de todos os órgãos e membros.
A dor dos outros e a minha em mim
Tudo era meu
A morte de uma parte antes da minha definitiva.
Meus irmãos, meu pai, amigos e a Pietà
Que em casa, depois da cruz tomou-me no colo em pranto e desespero de insurreição
Depois vieram os dias, ganhos que nunca compensaram a perda
Mas que me levam dando anualmente muletas e lembrando que sou ainda inteiro.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Sussurro e suspiro meu beijo último
Haverá muitos guardados num futuro fruto que cairá do pé.
Minha boca já era quase tua quando a seca vida nos afugentou em apuros
E o fortuito tão perene dos nossos dedos entrelaçados
Foram desatados pelo nós insolentes da morte.
Valei-me, coração, menino selvagem que não aprende a
cavalgar
sem
cair.
Valei-me, vida sem valo,r que não suporta amor desatinado entre
meninos e meninas.
Tu e eu, gramática de erros e acertos
Procurando conjugar-se em frases atropeladas pelas letras dos outros
Caçadores da poesia perdida na selva do sertão de há meses
Conformados ou fugidos de uma dor de morte ainda pior.
Poema de longe pra ficar mais perto
Amor, que são teus beijos à minha boca perdida
Ah, seriam um algoz preferido
Uma fruta caída do pé e comida
Uma flor quase nascida prometendo primavera
Duplo desejo é o meu, alternar abraço e beijo e depois nunc amais sermos os mesmos
Acordarmos num Parnaso da lua
Vê- la antes que anoiteça
E banharmos nus e nossas orelhas juntas.
Lá no fundo da água sermos absolutamente aquáticos
E imersos numa poesia líquida e marinha
Azul como é o amor antes dos escombros do ódio.
Guarda-me urgente
Antes que acabe a noite, nossa amante fácil
Nosso caderno escuro e rasgado pelo sol da nossa terra.
Deixa-me quando voltar pro teu mundo
Que deitemos num livro pequeno e que eu te leia Gullar,
A noite inteira com vista ou não para o mar?
Deixa que quando eu volte no apartamento pequeno
O café esquente o espaço da vida fria
E seja o presságio para em seguida o choro?
Amor, que a vida é infeliz nós já sabemos
Que do amor já maltratado fugiremos,
Mas a lma e corpo pedem, carpideiros,
Que quando eu volte não me deixes.
Relâmpago no poeta
Fugirei para um país sem livros
Sem energia elétrica
Não quero mais me divertir em biblioteca
E à noite escrever poemas de miséria.
Não quero mais ouvir nomes,
E ninguém me chamem de João
Criem um nome feito palavrão e serei grato até depois de amanhã.
Suicidarei alguém para uma ressurreição em seguida
Convencerei de que a morte é mais bonita que a vida
Que chorar por causa dela
É a mais enganosa das mentiras.
Cantarei desafinado com violões e pandeiros
Nas calçadas, por dinheiro
Pra poder fugir logo do meu e do teu nome.
Quero renegar os amigos,
E sortear suas vidas e de quem vou me despedir por derradeiro.
Vou semear a injustiça, porque será mais rápido
Sustentar os homens da miséria alheia
Do que antes não explodir uma bomba
Na praça da cidade quase cheia.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
A distância é uma mentira quando só se é lembranças.
Levo tua fotografia, não num dos bolsos,mas impressa nas mãos que te leram.
E quando quero, só querendo mesmo, olho para elas e coloridamente te imagino.
é que pode ser mesmo um engano de pensar ainda que sou teu, mas é porque ontem eu fui todo uma nostalgia.
já disseram mil poetas o mesmo verso.
Mas eu sou para mim
meu poeta preferido
porque já li e fui lido e agora, vivo.
Viajar é ir na vida, em curvas
Viver é curvar-se, dobrar, desviar turvo
inconstantemente e continuar
Se quiser, chegar a...
Eu viajo porque estou na vida
Pra viajar tanto só é preciso viver
poruqe já se aventura o instante que se come e dorme
e se conhece lugares em si mesmo todo dia.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
É o que restou dos meus dedos depois de uma carta infeliz.
Tudo se rubrou de feia morte
E o vento cantou à noite, inteira melodia da minha dor.
Não tenho abraço.
Tomo a mim mesmo no colo da amargura santa
E caio, fermentando o chão: o único que não me esqueceu
Valerei-me das mortes e dos amantes
dos romances mal escritos
Onde o amor é feliz e que não era uma vez
Mal esculpido pelos afetos todos
Meu coração transforma a morte em apelo vital
E, enfim, deitaremos num leito de folhas secas
De jardim e ataúde sem pétalas.
Subpoema- plágio sob Drummond
A festa apagou
O chão escapou, a cadeira balança.
E você senta ao teu lado e chora
Não és mais de ninguém, João.
És de ti, talvez, uma lembrança infeliz.
Não amaste o suficiente,
Não trocaste todos os bens pela paixão de um dia?
Rasga-te e joga fora ao cão da vida
O papel da tua história amassada!
Não tens coragem, João?
Você não é forte.
Você cambaleia ébrio,
Teu poema tem defeito e nunca fizeste uma rima.
Tudo é fracasso e compadeces de ti sempre: teu amor próprio te traiu todos os dias.
Agora não ES mais teu
Nem de ninguém, foste algum dia, deus saberá, ou não!
E mesmo que soubesse não diria.
Acostuma-te ao pântano da dor que afunda no meio do corpo
E olha para as nuvens negras sem sol.
Escreve um bilhete só
Não há poesia alguma sobre a morte de um poeta.
Escreve, e despertarás da letargia do teu corpo abismo
salva o coração para os vermes,
Porque amar nunca mais será o mesmo.
domingo, 21 de junho de 2009
Sou poeta de versos amarrotados em estrofes sem rima,
arrimado do amor mal escondido.
Escrevo no papel da tua pele branca
Meus sonetos saem dos beijos que não te dou.
Componho Odes que se despedem todo dia
e levo uma lírica que não possui meu eu.
Sou teu, inteiramente teu, em prosa e verso
E visto da palavra o sentido perfurante.
Componho sextilhas para cantar em meus juglares.
E vou, trovador, por alguma rua da cidade imaginária
melodiando minhas trovas simples de verso manco.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
deixa comigo apenas a lembrança de te sentir.
Serei eterno e feliz quando me ver sentado em um banco qualquer
recordando dos beijos às escondidas,
dos abraços sem feridas,
das mãos espalmadas e também juntas.
Deixa para mim a lembrança das palavras:
aquelas que foram minha e tua,
que outro não mais poderá usar sem se ferir ou se enganar.
Fala, amor, aos que encontrardes e por onde fores,
que amar é assim mesmo:
busca perdida e felina
uma lágrima sem trégua
o prazer de um espinho feito flor.
domingo, 7 de junho de 2009
que eu caminhava nua no jardim
esperando a hora em que tu me tirarias a outra roupa que me cobria de frio,
aquela que só tu sabes desprezar ou possuir.
Andei o dia inteiro nesse jardim
como que rumasse em um metro quadrado de flores no galho e no chão de gramas amareladas.
Esperava tranquilamente desesperada para ser mulher,
mas só tu tinhas em tuas mãos, boca e cheiro
o segredo que me revelaria o sexo danado.
Meu cão latia, insistindo a tua falta macabra e demorada.
Vesti-me após horas esperando na Rua dos Desprazeres,
fui dormir sendo menina outra vez,
depois de observar os livros na estante empoeirada de romances.
e por ele mesmo a vida seja o martírio do desencontro que é.
Não escreverei metáforas de pedra e sal,
de amor materno ou canibal.
Escreverei com o sangue da noiva descendo do altar ao suicídio.
Com uma pluma cortante, deixando arranhões e pus.
Escreverei como se fosse embora e nunca anunciasse com telefonema a volta.
Escreverei como quem desama tão ligeiro como quando se é tomado pelo fantasma da paixão às três da madrugada.
Hora maldita quando nasceu um ser poeta em mim
Porque nada de agradável encontramos ao escrever,
só o absurdo de todo dia nos contarmos, nos mentirmos,
e sobrevivermos por todo
minuto de morte a que temos direito.

HILDA HILST: Cantares de perda e predileção
Recaminhei casas e paisagens
Buscando-me a mim, minha tua cara.
Recaminhei os escombros da tarde
Folhas enegrecidas, gomos, cascas
Papéis de terra e tinta sob as árvores
Nichos onde nos confessamos, praças
Revi os cães. Não os mesmos. Outros
De igual destino, loucos, tristes,
Nós dois, meu ódio-amor, atravessando
Cinzas e paredões, o percurso da vida.
Busquei a luz e o amor. Humana, atenta
Como quem busca a boca nos confins da sede.
Recaminhei as nossas construções, tijos
Pás, a areia dos dias
E tudo que encontrei te digo agora:
Um outro alguém sem cara. Tosco. Cego.
O arquiteto dessas armadilhas.
HILDA HILST: ODES MÍNIMAS
Perderás de mim
Todas as horas
Porque só me tomarás
A uma determinada hora
E talvez venhas
Num instante de vazio
E insipidez
Imagina-te o que perderás
Eu que vivi no vermelho
Porque poeta, e caminhei
A chama dos caminhos
Atravessei o sol
Toquei o muro de dentro
Dos amigos
A boca nos sentimentos
E fui tomada, ferida
De malassombros, de gozo
Morte, imagina-te.