quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu mentia, tu mentias, quem mentia?
Eu sofria, tu sofrias? Nós.
Eu queria, tu querias
E sobrevivíamos  sentados no amor sentados e em grutas
cercadas de flores dadas ao longo de quase um tempo de ternura.
Ah, coube-me o amor e toda a sua força
Dei a ele toda a lágrima, como sempre.
Neguei um abraço e me senti mais forte
Neguei um beijo e agora falta-me tudo.

A gente sempre se mata depois de um amor,
restaura-se porque o tempo é pouco
a felicidade é muita coisa pra pouco espaço
Não cabe no meu corpo nem o verso da inspiraçãode agora.


Para ti escrevi meus versos mais fortes
Ainda assim não consegui que rimássemos em poesia.
Um dia o mundo far-se-á outrem
os amantes do porvir
esqueceram de si e perderão nossas metáforas caducas
de nossos livros relidos.
Em nossas estrofes pueris e finas
 ncontraraão um sendero
que revelará teu nome menino.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quebrado, o coração não se alteia.
Sem asa ele fenece e não encendeia.
O que  na vida virou sangue pisado
não corre mais nos glóbulos pelas veias.


O amor sabe cortar asas, podar-se!
Aprendeu desde Adão a ser perdido
Pelo mundo traça um inferno e um paraíso,
com os pés estreitos da morte  implora à vida.


Não há quebrantos, não há sorte.
O que há nos corações amantes,
é que sempre amalgamam sulcros de desordem.


De repente toma-se em taça desse veneno
que desce nauseando suas visceras
E ilusão em vão atormentada
levanta brados com garganta mísera.



Augusto do anjos
Vandalismo


Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.


Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.


Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...
 

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


Sentar-se ao lado de um crucifixo velho
lembrar-se que se morre todo dia.
Pôr as mãos juntas para que não se desesperem
e os cravos de alguma armagura
não as deixem definitivamente separadas.
Rezar  ave-maria abraçando a  morte
como uma pietà de joelhos no inferno
como um desconsolo de Pedro
que não sabe se ama mesmo, se ama.

Há um abismo em fazer-se cego diante dos livros
em pensar que não lemos
não escrevemos as pessoas em nossos cadernos
superiores.
Há um ateísmo falso
quando se toma o corpo
e na luxúria, na carne, aumenta-se as horas
sem alma e sem caridade.

A noite é maior do que o dia
e me impõe segredos que eu mesmo não me conto,
por isso me deito e fujo
e a lenta  madrugada acontece
como se nada em mim permancesse.
A escrita que me adentra
espinhosamente me apronta no papel
leva um sentimento pela veia
descendo
escorrendo em direção a qualquer mar que o naufrague.

Esccrevendo, permaneço entre palavras
e ali desconserto meu silêncio
ancoro num porto
e armo uma tenda
onde calado penso e durmo, e não choro.

Quando não há ningué mais por perto
quero, sozinho, a paixão do silêncio
que  me provoca um desvelamento de mentiras
em verdade,
tudo passa
tudo pára quando se sente saudade.
quando o sol até o fim da tarde apaga
a esperança de ainda haver um tempo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

João têm uma mania de perder as coisas
Desde o ônibus à opotunidade de ficar sozinho com quem ele ama.
É incrível a oportunidade que  Joãoaproveita
para perder tudo o que lhe é importante:
Carteira, chave, caneta,
parente, criança, perna e amor.

João vinha falando sozinho no carro
dizia para si algo muito estúpido que ninguém ousa dizer para si,
nem para si.
É que a gente sabe o até onde aguenta uma dor
e quando não suporta quando ela se manifesta em perdas
vende tudo o que têm e dá aos pobres.
João é assim
morre pobre de achar que merece mais
que pode mais
e é um sentimentalista fracassado
poeta d eum livro só
e dançarino desprezado em festas de sargeta.

João é de um violência
que dia desses opera a si mesmo
arranca o coração
e vai embora sozinho
lacunado sorrido
invejado pelo prórpio umbigo.
Picasso
Eu queria falar de mim hoje
Falar mesmo
com a boca
os dedos
meu sexo e meus ouvidos.

Falar o que não tive coragem
chorar o que faltou naquele dia
e fazer um escândalo particular
pra me sentir mais livre.

Queria saltar da árvore mais funda
matar-me duas vezes e chorar sobre meu cadáver
fazer tudo o que me disseram Não
com deod apontando na cara
e reforçando minha óbvia fraqueza.

Queria mentir para mim
escrever um bilhete errado
esquecer dedicatória
fingir ser uma pessoa estranha
mudar de ropa e peruca,
mas sentir alguém.

Queria falar de mim hoje
queria faltar em  mim
e depois justificar-me
Porquefalhou-me algo, hoje,
algo que nunca tive nem senti.
Uma pedra rara e escura
um sapato de um ídolo
qum izqueiro importado
uam coisa que talvez nunca tenha.
Formidável é a coisa mais simples
as dores mais agudas
as vozes mais graves
o buraco mais fundo
a árvore mais verde
a folha mais rara
o chão mais seco
o amor mais sentido
a loucura mais bem feita.

Formidável é o que sinto no oco da alma
no esconderijo entre meu nome e o teu
no segredo que nem contamos ainda para o outro.
É a canção composta especialmente para...
o presente sem dedicatória
a frase inesperada.

Tudo tem que ser único
ou vivido como se fosse
Formidavelmente cada acontecimento
em sua forma, intesidade
e desejo de repetir
o que ainda não foi desfeito.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nunca mais houve um poema
.Nunca mais um copo d'água da tua letra
aquela caneta preta
riscando papel reciclado
criando um sol azul.

Nunca mais é muito
faz pocuco tempo ainda
que não me cantas
que não espantas por um momento
a minha imagem perturbadora
da minha vida na tua.

Há ouvidos prontos a escutar
um idilio, uma harpa
e tua composição rendida.
Há olhos pra chorar quando sangra
há um cama sozinha branca
há um quarto que ficou na lembrança
há tudo o quanto foi esperança
e isso me faz sufocar a hora morta
desse dia franzino cartas rôtas.
Os amantes- Pablo Picasso


Encontro


Nem tu nem eu estamos
em condição
de nos encontrarmos,
tu...pelo que já sabes.
Eu o quis tanto!
Segue essa veredinha.
Nas mãos
tenho os furos
dos cravos.
Não vês como estou
dessangrando?

Não olhes nunca para trás,
vai devagar
e reza como eu
a São Caetano,
que nem tu nem eu estamos,
em condição
de nos encontrarmos.

Federico García Lorca

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Indigência na vida e na morte

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Martírio da família: cortejo entre o Jangurussu ao SVO passou por ruas e avenidas de Fortaleza
7/3/2008. A família do catador de lixo morto não consegue ajuda de órgãos públicos para transportar o corpo ao SVO

O catador de lixo José Carlos Ferreira de Sousa, de 39 anos, mesmo depois de morto, foi protagonista ontem de cenas de desumanidade, abandono e crueldade. Ele morreu nas primeiras horas da manhã de ontem e, sem conseguir transporte para levar o corpo, após pedir ajuda a diversos órgãos públicos, a comunidade e sua família decidiram transportá-lo na carroça de guardar lixo em que ele trabalhava, num cortejo entre o Jangurussu, passando pelo Frotinha de Messejana até chegar no Sistema de Verificação de Óbitos (SVO), na BR-116, sob o sol escaldante.

Maria José da Costa Rodrigues, irmã de Sousa, disse que, desde a última segunda-feira ele estava doente, com sintomas de febre, diarréia e vômitos. No entanto, somente na última quarta-feira, por volta das 16h30, levou o irmão ao Frotinha de Messejana, onde foi atendido e liberado no mesmo dia. Lá, conforme Maria José, ele tomou quatro litros de soro, fez exames de sangue e ficou em observação.

“Ele foi atendido por dois médicos, que disseram que poderia ser dengue. Eu disse para o doutor que não podia levar um homem daquele jeito para casa, até porque não tinha nem o dinheiro do transporte”, relata. Mesmo assim, o paciente foi liberado pelo hospital.

Chegando em casa, Maria José conta que deu um banho no irmão, um copo de suco e ele foi se deitar. Por volta das 5h da manhã, ela o encontrou morto, fora da rede e sentado no chão, envolto de fezes. Foi daí, então, que começou a peregrinação para tentar levá-lo ao Frotinha de Messejana.

A família pediu ajuda à líder comunitária do bairro, Antônia do Socorro dos Santos, para levar o irmão ao SVO. Ligaram para o 190, telefone da Coordenadoria Integrada de Operações Policiais (Ciops), 192 do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e para o a Secretaria Executiva Regional (SER) VI.

Cortejo

Sem conseguir transporte, informação ou orientação de como proceder, a líder comunitária sugeriu à família que colocasse o corpo de José Carlos no carrinho em que trabalhava catando lixo, já que a família também não tinha dinheiro para pagar os R$ 60,00 cobrados pela funerária para levar o corpo.

Em cortejo, seguiram de onde a família mora, num barraco no pé da rampa do antigo aterro do Jangurussu, passaram pela Avenida Perimetral, em direção ao Hospital Frotinha de Messejana.

Foi quando a reportagem os encontrou, sob o sol forte de mais de 11h. O corpo estava enrolado com um lençol e acompanhado de pessoas da comunidade. O cortejo fúnebre do catador de lixo chamava a atenção da população. No entanto, por insensibilidade, medo ou indiferença, nesse trajeto, nenhuma pessoa sequer parou para oferecer ajuda.

Ao chegar no Frotinha de Messejana, somente um familiar pôde entrar e novamente o corpo de catador de lixo ficou do lado de fora do portão. Nem mesmo os policiais do Ronda do Quarteirão, parados em frente ao hospital, manifestaram-se para ajudar.

Como a unidade hospitalar não aceitou José Carlos morto, a família recebeu encaminhamento social para os serviços de funeral e orientação para levá-lo ao Sistema de Verificação de Óbitos (SVO), que fica localizado na BR-116.

Chegando lá, a pele de José Carlos já estava esverdeada e seu corpo exalava mau cheiro. Sem dignidade, desrespeitado e excluído, o catador de lixo foi levado para necropsia.

De acordo com Maria de Fátima Rodrigues, irmã do catador de lixo, o SVO irá liberar o corpo hoje, às 7h, e o sepultamento ocorrerá às 8h, no cemitério do Bom Jardim.

Paola Vasconcelos- reportagem

A Terra?
Mandou notícias para seus sobreviventes.
Esse terrível motor ingrato
por onde passam homens e mulheres
com perspectivas oscilantes de vida.
Uns morrem de fome,
mas compram importados
outros amputam pernas por descalços
 pisam em minas sem áurea.
Cortam o clitoris para autenticar a fêmea
expulsam estrangeiros negros e árabes para se sentirem  mais puros
Cortam de sua taxa de natalidade os pardos
e não querem nas universidades brasileiras
por um decreto da sociedade mais asquerosa do globo
a cor escura dos filhos legitimados
Nasceram foi para  viver
em quilombos, cortiços e morros
historicamente respectivos.

Não há vagas!
não há lugar para todos:
nos shoppings, nos aviões
nos objtivos de luxo
de uma sociedade que fragmentou o homem
e insistentemente tinge os espaços com a mesma cor.
O lobo nunca dormirá com o cordeiro!
Nenhuma ideologia cabe na história desse terror futuro
não há oxigênio para os seres
há lixo tóxico interferindo a gênese dos sexos
e os pratos finos
serão cuspidos pela miséria que atinge
coração e estomago
de 6 bilhoes
nesse formigueiro capitalista.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A vida devolve a morte no fim
o revolve devolve a morte no começo
a droga mata pelo avesso
e o começo de tudo não é a vida nem a morte.

O começo ou o fim pode ser agora
podemos quedar-nos sem memória
e uma pátria amada idolatrada (Foda-se! Foda-se!)
sufoca-nos com uma bandeira
de marginais de meninos violentos de ricos rídiculos reproduzindo mais pobreza
e suas riquezas vertiginosas,
vergonhosa é a mãe segurando o filho com o  bico do seio seco
com os pés malimpos sustentando o filho maldito
de futuro incerto ou amaldiçoados pelo próprio deus morto.
Não há pai nem mãe nas minhas ruas
há revistas nuas com mulheres fodidas de peitos e carnaval
há enredos cantando a porra de um território onde o pobre mora
lá em cima no morro
e o rico também,
em suites luxus.


Dou um tiro na minha cabeça a qualquer esquina que desvejo
que enrolo o olho para fugir do desespero d eum inferno imposto
da morte que me sucede à saida ou entrada
nada mais importa
não há portas
há cadeados e algemas
há homens, crianças mortas
Há lemas remas  publicidades e pobres por todos os lados
diferentes de Cristo
sem dinheiro e sem espírito
dentro de bancos
de favelas
de juizados
de câmaras de bagatelas de concretos e política sacana
insana e artroz com o meu passado, meu presente sem futuro
há somente apuros.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010


Silêncio dos ouvidos em paralelo
quase por dentro do outro

polén de peles suadas escorregam no pescoço
a língua parece pincel retornando aos lábios.
Força febril que julga nosso calor
 amor sentido em alma externa
em sexo desesperado dos quadris
 na ansia de não magoar ninguém.


Medo? Não sabemos nada,
só desejamos
quando a boca cobra o ínfimo beijo
o veneno que nos faria nossos
à noite à tarde ou manhã.
Mesa posta para o café das horas juntas
qualquer delas
as horas do dia
todas já cumprimos
todas já foram de sangue e alegria
tudo é dia e noite
concomitante como o passeio do sangue
que lateja no coração detido.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Da felicidade

O erro do mundo é pensar que somos diferentes.
Não, somos todos iguais
em pele olho cabelo e alma.
Mas alguem ensinou ao seres
que um podia se sentir melhor, mais importante
e que um deus qualquer nos fez homem mulher
Nem isso divide-nos em essencia

O mundo é redondo para que não haja divisões
pra que do céu se possa ver tudo igual
e azul como disseram os privilegiados astrônomos.
Há pouca Terra e Muito Mar
porque nos sugere a natureza que vivamos juntos
que sujamos o mesmo prato
que nos lavemos no mesmo rio
e sintamos frio e calor ao seu momento.


                                                                                                                condor
O céu é grande
mas não do tamanho dos meus sonhos
da vida que ocupa agora o centro da minha poesia
do incendio que me causa o sentimento inconcebido
do verso que não cabe numa linha de soneto.


A vida é um rio onde lavo todos os dias as minhas mãos
onde pode encontrar agua fria ou morna
limpa ou suja
e onde posso lavar minhas roupas
ou apenas sentar pensando no que fazer como amor.


Sento-me a  beira e escrevo todos os dias
meu sofá, feito relva de primavera
aconchega meu cansaço do dia e das pessoas
e me diz que ser feliz é uma promessa necessária para que o rio corra
para que a nascente não seque
para que o barco continue...

Uma inca
mulher vestida de sol andino
com trages de cor e frio terno
um cabelo negro esticado feito o Chile
dentes encardidos
voz rouca do vento seco
cara de quem nunca foi feliz
e se fosse seria muito pouco.
Vendendo cigarros sua melodia em uma nota só
repetida como a escassez de comer e ser
do que fazer com tanta pobreza.

CIGARROSCIGARROS CIGARROS AMERICANOS-CIGARROS!
E oos americanos sfumam a custa das misérias sobre a américa dividida
sobre a raça esquecida na fome afiada e infinda
E Nós! fumamos para cerrar os olhos da dor
de andinos, de amazônicos, de nordestinos
dos meninos vermelhos
dos pretos
dos jogados no lixo citadino das calçadas sem  seio
sem ventre, sem placenta que lhe esqueça o frio.