terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vanidad sin permiso

Minha mão resolveu escrever sozinho
Faz tempo também não preciso de um par de pernas para caminhar
Vida curta, vida corta,corta
amputa, tira e  espreita-nos em faltas, os próprios fatos

Vida vicia e escarra no meio da cabeça.
É assim mesmo, disse minha mãe ao telefone, sempre confidente de quase tudo.
E falta vinho na geladeira
falta muita coisa!
falta eu arranjar as flores nos jarros

ordená-las num jardim que sempre quis ter
Meu irmão liga
tristeza, saudade, sombras na vida  o fez telefonar para mim
emoção infinda, irmão é irmão e saudade cabe sempre entre todos
Tenho saudade, descobri isso hoje 
pensei que sentisse muito e há muito tempo
mas valeu-me sua  presença hoje
na verdade saudade é um sentimento ausente
mas presencia a lágrima soltando sozinha do galho do olho
Detesto lenços
eles me lembram velório e óculos.
Hoje li tanta coisa
e minha carta estava vazia
ouvi Debussy, dancei só: é tão bom! É tão grande!
Dancei feito Nijinski, amei como Nijinski
Fui à certidão da loucura quando dancei Nijinski 
e corri o corredor várias vezes tentando imitá-lo
Como? A vida é minha, única úmida

mas o vazio das coisas nos enche de muitas outras, quais sejam:
dormência, força, cãimbra, vício, dúvida e música
e o dia passou inteiro pelo meu relógio de bolso
recuperado desde 2005, mas sem tocar.



segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Juan Mirò

Pois é noite já faz tempo
duas horas quase para amanhecer
dentro de mim só escurece,
enternece a madrugada o avião que passa ao longe,
cheio de vidas com medo.
E eu aqui embaixo, mas temor ainda
tremor de terra sujando meu pé
minha boca e minha manhã prometida.


Viro para um lado o vento entra forte pela narina entupida

Para o outro, a lâmpada de cabeceira acesa impede os sonhos
San Juan de la Cruz vem à lembrança e eu me esqueci do que é São
um aumentativo?, mas a vida traz já muitos
quero algo pequeno, tão pequeno que nem perceba que esteja acontecendo:
como a abertura de uma flor
ou o próprio beija-flor sugando- a para ter vida.
a vida simples de uma nuvem que ninguém percebe vai se desfazer
Ler nenhum livro, não escrever carta
não perder tempo de olhos para páginas irreais,

só respirar o ar que me é ainda gratuito,
crescer robusto de sentimentos de éter,
de álcool
e dormir nu, passando ébrio pela noite da cama sozinho
pra quê mais alguém?.
Nasci nu, disse meu amigo Murilo, vizinho de leituras

pés juntos, mãos postas e só eu lá no útero e minha mãe fora
cheia de projetos fracassados no presente.
Vim ao mundo ser, quero sair sabendo que fui
nada de capítulos escritos por mim
quero a morte chegando abraçada com o riso
a imoralidade
a sanidade física e espiritual que devem ter as almas
..., mas quero continuar sendo... até a preposição na vida
pontuar e marcar um reticência na memória de outros que no porvir
estarão também mortos
Hoje foi o dia da minha vida que menos fui
que não  reconheci eu, que não conheci nada nem ninguém
e o mais curioso é que fui feliz estando triste
fui ao ópio em plena obrigação burocrática
e vi que escrever é meu ócio mais discretamente curtido
ferido de palavras que saem dos meus dias
e fedem ou cheiram  às vezes não dizem nada
mimesis do fracasso e da sorte. 

Beijo ao sol que me cobrirá amanhã de calor
e me prometerá luz em meio a toda penumbra dos meus fatos perdidos.

domingo, 22 de novembro de 2009

Porta aberta, mas não sairei ainda.
janela me indica um horizonte escuro
O pânico das horas dessa tarde
Uma nuvem só no céu tão imenso: minha solidão.
O espaço do outro faz um buraco: tumulto e silêncio.
Viajo de literatura pra bem longe
 suporto-me mais dentro do livro
Papel áspero entre minhas mãos e personagens
não condizem nada com minha vida. 
Qual a idéia central do texto e da vida?
Serei eu outro persongem até o fim da vida? Ou o medo é o que corta uma maçã e diz não?
Desfaço a idéia de ser  el outro
porque eu mesmo dói  quase todo dia.
Deito, não durmo desde criança quando minha avó foi embora de casa.
Durmo não acordo, pois a vida me cansa
voltar para ela é sujo demais,
mas troco o livro e leio Ferrera Gullar
ensinando e dizendo sempre
poesia suja de barulhos e veloz
meus olhos encontram um repouso de guerra quando o leio
A vida é meu reduto e meu reino.

domingo, 15 de novembro de 2009

Telefone, voz estranha me atende. Susto
Engasgo. Vegonha. Culpa.
Vida parou?
Não.
Ameaça. Silêncio. Onde?
Tudo. Nada. Para onde?
Telefono. Amigos.
Medo. Vergonha. Suor. Frio. Calor e Medo.
Fujo. Chego. Ninguém, nem eu.
Acordo. Durmo? Quem sabe!
Músicas. Poemas. Músicas. Poemas. Nossos
atropelos, sangues, mortes, perto, tudo perto.
Tenho dentro de mim neste instante: atropelo, sangue, morte, pertos.
Lembro, tudo em  minutos, lembro, lembro sim, mas não contarei nada
Ninguém me escuta, desaprendi a dizer, a defender-me.
Todas as palavras não ditas.
todas as palavras falhadas, falidas, minhas filhas, minhas, só minhas.
Aproximo de mim esse cálice,
quero que minha vontade não seja feita
quero bebê-lo todo
afogar-me em vinho de sangue meus atropelos
minha morte viva, agora nesse minuto.
escrevo e não sou poeta, escrevo, mas não sou poeta.
escrevo porque e mim há mãos, olhos, dedos e um choro e o sorriso que me lamentam
quero sempre dizer, no silencio, num silêncio
todos ouvem o que eu quero dizer no silencio que mata o meu choro
pelos atropelos, sangue, morte, desespero.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Os amores se abraçavam
enquanto eu, atravessando qualquer rua para chegar
vinha quase oco. quase papel solto, picado
chorando a decisão intima de sempre: amar ou não amar?

Copo vazio, prato sozinho, mala pronta na memória
cartas rasgadas pelo pensamento de que tudo é frágil demais
Roupa secando no varal, noite barulhenta
em mim, só um vento que me fazia cobrir o corpo todo e se proteger desse frio na vida toda.

Sim, Não, Talvez, são respostas dadas à vida de golpe!
Eu nem me arrisco a riscar a resposta certa.
Vaqueio entre cada item e me torno esse ser de hoje:
sem nexo, sem coração, cem pernas de saudade de mim.

domingo, 8 de novembro de 2009

Poesia para um sobrinha gloriosa


Borboleta de asa e cabelo negro
feita de riso, dança e silêncio.
Tudo é escuro em tua realidade e fantasia,
E no arco-íris da minha saudade te pinto.
Quando converso contigo
temo as coisas efêmeras porque
Logo serás grande, se já não és!
me farás algo que já prevejo
me pedirás outra vez presente ou dinheiro
me rogarás a   benção pecadora
que da tua boca inocente não sai como julgo algum
nem por um triz de erro que cometo todos os dias.

Tua infância saindo de ti,
e eu em pânico quero sobreviver da vida amarga e dura que de repente te será oferecida.
Mas o amor de pai que tenho
é chave e segredo da porta que será aberta
pela inocência violentada em escola, por queixas adultas, 
pelo nada que temos.
Por que a poesia é essa coisa que não quer falar de amor!
Quem quer somos nós e nossa ciência carente.
Porque a poesia mesmo não e minha, de ninguém
É bando divido em silêncio norte e  ferocidade leste
e sua forma  se encontra num inverno em esboço e primavera
quando se quer ser feliz ou triste..

A palavra não tem dono
e menos eu tenho certeza do que eu digo
ao me encontrar de frente pro papel transbordantemente sem palavras.

Ah! vício intacto ó de escrever
étereo engano do homem em alcaçar o já perdido,
o mundo sem consolo
a variedade das coisas sendo sempre as mesmas
em existência de dor e simplicidade.

Nem Eu

dorival caymmi

Não fazes favor nenhum
Em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor
Não fui eu
Não fui eu, não fui eu
Não fui eu nem ninguém
O amor acontece na vida
Estavas desprevenida
E por acaso eu também
E como o acaso é importante querida
De nossas vidas a vida
Fez um brinquedo também

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dali

do silêncio nasce meu poema fraco
fácil e dificil é amar o amor intumescido de nãos:
soberba aprendida na perda das pernas juntas.


a noite não me convida ,os amantes pequenos
culpados pelas escolhas somos todos nós,

adictos d pensar e não podermos vencer o que já foi reservado.


vamos, vida, larga mão por mão o meu corpo e me deixa,
sozinho
decidir o que todos não souberam crer.
deixa, Amor, que o lenço desesperado emdespedida acene 
um adeus 
imaginado na minha cabeça
pesando no choro da poesia em cordas amarrada.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Soproando um susto no céu o vento derruba um avião
o amor engana a noiva na Terra
Mulheres são metidas em preservativos
e visitam na prisão mais tarde o latrocínio
dos pobres e estúpidos viciados em material de guerras.

O poder soca no meio da mão a morte do outro
cada um assassino de si e de um próximo encolhido pela inveja natural das coisas
e o jogo de interesses da literatura de Machado
faz o homem girar e empobrecer o mundo de idéias e moral.

Tudo bem! Sou de um mundo mesmo assim
escrevo porque o vento sopra onde quer
porque o espírito santo é verbo e apocalipse da carne agora corroendo tudo
em meia-palavra: poesia, que escrevo agora.
Forca
Força
Farpa

Firme
Fenestra
Fino
Fama
Feito
Farsa
Fábula
Fome
Fumaça
Fogo
Fonte
Fígado
Búfalo
França
Faca
Pérfido
Fedor
Filhos
Forte
Fanta
Física
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Fantasia
Fera
Frida
Florida
Fundo
Ferida
Foz
Frase
Feita
Desfaz
Faz
Finda
O corredor escuro
visitado pelo vento madrigal de lembranças
e a memória do dia de hoje  suam a pele enverdecida da minha sombra.
Meia luz me acompanha no quarto e um livro de poesia desconhecida não me dá ganas de lê-lo.
Quem era eu, que tanto devorava livros de poemas e relia-os estupidamente 3, 4 , 5 vezes
para lembrar das minhas histórias.
O tempo faz a gente vomitar o que outrora amávamos?
mas então, que diabos é a vida a não ser a confirmação de desencontros, desgostos e surtos de dor?

Abro o livro e ele não me tem mais em letra alguma.
Não há contos, não há poemas, só uma chave tomando a mão e trazendo o medo de ler
 abrindo o quarto das derrotas.
Para calar a dor
de preferência uma canção
a mais sofrida
o poema, o mais pessimista
a dança, a mais clássica.
tudo no amor é óbvio
em todas as histórias, em toda a minha memória
de quando pouco ou muito amei.
Ama-se, beija-se, briga-se, perde-se, morre-se
e a vida se disfarça em um prazer torto deum abraço sem aperto.

Mas todos queremos amar, ou pelo menos pensar que um dia amamos
é parte do roteiro teatral do drama sucumbido e sem palco da vida de todos.
a nossa dor é do tamanho da gente
a morte é certa e dpois dela, continuar a viver

O amor acabaa, mas não morre
as cartas formam um maço escondido até chegar os setenta anos de idade
quando o mar já tenha tomado essa cidade
e naufragado seus aamntes litorâneos.

vi sem medo meu futuro incerto
na palma da mão da vida
piquei cada marca e ela ficou ferida
fenda
buraco sem fundo
mundo a esconder o amor da mão da gente, nunca o pegamos
nunca fazemos senão senti-lo e sofrê-lo
porque assim mandou toda a praia e ondas dentro desse mar da minha vida
e assim vou sendo esse ser de felicidade esquizofrênica.