terça-feira, 22 de setembro de 2009


Dois velhos comendo- Goya

Acordo às seis da manhã sonhando escrever um poema que te acorde
Mas o sol chegou primeiro e advinhou que
tudo já não é mais o mesmo.
A esperança de desenhar o mundo completo e suas estações
turvaram-se como um sonho mal lembrado.

Recordo as coisas todas que cantamos juntos
enquanto o tempo, passando fazia-nos atrasados.
Pacificamente permanenciamos sentados numa verdade
de que não havia o que fazer.
Nada interrompia o beijo amanhecido,
a não ser a moléstia dos carros que não amavam ninguém.

Havia muito sol desde a janela.
O vento trancava-se conosco no compartimento branco
e as vozes que cantavam no rádio substituiam os pássaros escuros pela fumaça da vida.

Somos hoje souvernirs guardados dessas viagens de quase ontem?

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