domingo, 27 de novembro de 2011

A vontade de escrever me alteia a vontade de amar.
Escrever-te é sempre um exercício de dedicação
Declara o amor como a posse mais fugidia e exata que temos.
Amar é escrever sem interrupção para vontades próprias apenas.
É querer contar mais a história do outro,
protagonizá-lo sempre e assistir o desenrolar da vida juntos.
Amar é um banhar-se em rio largo, mas sabido de que suas margens existem.

Não há perigo no amor.
O perigoso é amar sozinho,
sem que os dois lados disputem
o mesmo espaço no pensamento do outro
a mesma maçã na geladeira, 
o mesmo vício e desejo do corpo na noite sem estrelas.
Há perigo quando não se sente a falta ao lado no traveisseiro,
quando não se lembra do beijo,
quando se dorme sem boas noites.
Quando a palavra falta em exagero,
o diálogo se torna um colóquio sem tema
e o ódio próprio é mais relevante
que o amor no outro, 
aí sim é preciso chamar avisar aos amigos
que o amor finda.