sábado, 19 de setembro de 2009



Melancolia -Edvard Munch

Queria dançar a miséria humana.
Mas é tão óbvia que não a encontro no corpo.
Não é a miséria do prato vazio e do intestino seco.
Quero a Miséria, a mais desnutrida da alma de todos os que encontro, conhecidos ou não.
A miséria que nos dar um salário pifil
uma TV burra
e um beijo otário, to-dos os di-as da vi-da!
"E falecer num carrinho de lixo é tão injusto quanto morrer de amor,
ou pior ainda, quase morrer de amor",
disse seu josé carlos falecido de fome no hospital público do bairro
A miséria da falta de amor gerou todas as outras
pelos séculos dos séclos,
e Nijinski ficou louco
e Nietsche morreu antes de deus.
Deleuze ainda é lido,
mas ninguém dança mais,
os palcos tornaram-se mais pó desde a última bomba explodida.
No meu pé há uma ferida que não me deixa ensaiar,
no coração há muitas outras.
Mas a Dança espera a asperesa dos nossos sentidos limitados.
Bailarinos, escrevam seus pés para os palcos da rua,
das casas alheias
o mundo anda sitiado agora
há um novo muro de berlim em fortaleza, em tokio ou me paris.
há muitas faculdades de dança
e pouca gente dançaaaando no piano de Debussy.
Assisto no camarim o episódio que penso e vou embora sem aplaudir a obra:
morta e fracassada.
Chego e não durmo
Choro e não adianta,
a dança no meio do mundo falsa se cansa.

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