terça-feira, 27 de julho de 2010

O amor vacina a gente
o amor vacila
encapsula
algema
luva
cadeia
cadeira
poltrona
cama e travesseiro
no amor tudo é sinônimo
vergonha descoberta
intimidade adentrada
sentidos concentrados
ensimismados
vegetarianos e carnívoros
no amor se come de tudo
se bebe café e cachaça
pão amassado
fracasso e sopa
suco vermelho
maçã do maor
roda gigante
o amor é brincante
vaidade
ilusão expectante
medo e desafio em corda bamba
o amor samba
desgruda e entra
arromba
amargura
canta, dança
vacilavacina a gente.
Niguém faz poesia para se conter
ou para contornar uma situação
Se faz poesia porque se precisa de alguma maneira dizer o que não somos
como ou quem gostariamos de amar.
Ler um poema é mais bélico que ouvir Mozart
é um suicidio confiscado
uma morte lenta e perfeita.

O poema existe em palavra porque antes o tivemos um carne e mente
porque o beijo foi dado
porque o sexo foi feito.
E eu nem me importo se consiguirei escrever algo
há alguém que dirá algum verso por mim
e o dedicará os finados amantes e futuros arrependidos.

sábado, 17 de julho de 2010

Drummond disse que seu mundo era grande
meu amor, pequeno
vejo que a todos que deseje da-lo ele se desfara
farse-a um desejo de come-lo cru
e vomitalo seco com dores na garganta.
Um frio escaldante fura a sola do pe
e eu me vejo longe de mim e de todos
sem amor, sem danca, sem vida que me leve p o ceu
aquele da catequese simples de minha infancia humilde.

Vida versus verso
e eu escrevo um poema para me comprazer da dor
que me sai dos olhos liquidos
fecha-me a boca e sufoca-me dentro do quarto desconhecido.
tudo o que e carne agora morre folheando o chao
nao tenho acentos nem palavras
coracoes capitalistas vazios me acompanham no onibus
ninguem e ri
a natureza morta se manifesta no mau cheiro ao lado
almas fedemn
pessoas atravessam a rua sem olhar algum que as sigam
e sozinho me prontifico a desejar a morte de todos.
Aqui o mundo nao me tem sentidos
nem boca nem paladar nem tato
um planeta feitos deles
sem mim
eu sou outro
o que nao me achei ainda
linguas se atravancam
e nao dizem uma so manifestacao de paz no coracao ufanista
todos sao daqui, ninguem se aceita
fogem de metro, trem e taxi
tudo e caro
e eu nao valho nada diante de refrigerantes descartaveis
acompanhado batatas que nao matam a fome do mundo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Passaram-se os dias
folhas caídas
chão sem rios
copo sem alcool
medo da vida.

Tomaram-se as línguas
beijaram-se os mamilos
comeram-se na carne.
O minuto era carente
as portas fechadas
o retorno pródigo
o vício das cartas.
a saudade imensurável
clamava visita
a lista de planos
moída pela real cadeia
a areia vermelha sujando os pés
e a intenção que era perder-me.
Não, eu não fui inocente.
sou quem disse e não cumpriu
quem disfarçou a partilha
e engoliu o nó da garganta.
O pó do tempo saindo das palmas,
.agora.
a morte tentada
soluçando na aorta, descendo no seio
arrebatando p o inferno
meu silêncio e essência.
UMA PALAVRA
(Marisa Monte, Carilinhos Brown e Arnaldo Antunes)

cama
garganta e água
gargalo e lábio
baton e língua
flama
lama
como quem ama
uma palavra
beijo e gengiva
ar e saliva
riso e comida
chama
clama
como quem ama
uma palavra