segunda-feira, 24 de maio de 2010

O calor do meu cansaço
prepara o meu sono
ao teu lado já dormi todas as noites
e agora
durmo outras
mais serenas
minha e tua
nada mais
nenhuma criatura
vela um sono mais que o meu.

Toda a coisa doida
o dinheiro junto
a comida feita
a louça esperando suja
a toalha repartida
são retalhos de dois
somos mais
todo dia diferente.

Acendo uma vela
meu amor quer luz
os olhos na janela esperando
ver o avião passando e o céu
azul claro ou escuro
impõe seu tamanho seu tempo
e nosso grau de miopia para ver mais longe.
Toda palavra é santa
toda palavra canta
toda palavra é manta
é janta no meio da fome.

toda palavra sai morta
toda palavra sai torta
preta e branca
vermelha e planta

No coração do homem
toda palavra é sangue
na boca é tanta
nos dedos tântra
toda palavra é santa.

No principio não era ainda
era a idéia.
a miséria de ter q dizer sim
ou não: uma palavranta
inha onha muita medonha
uma palvra canta
entra, senta e janta
lenta, mantra tantas
as palavras são quantas?
A esguia faca cortando a mão do amor em guerras
a pedra, o rio desemboca nela.

A água que corre dentro de mim é mais rápida
mais gélida, mais farta.
Escorro entre rios de literatura antiga,
nova, pronta para mim
para deixar nos meus olhos seus indícios.
Mergulho fundo na página
no livrod a vida
na bíblia de minhas verdades decaídas.

Luz e fé,
amor, pé d'água cai nos telhados da minha noite
e eu, com livros na mão calo para as palavras
que elas sejam que elas matem
que elas gritem, expirem em cada gozo flamejante
da minah boca que pronucia seus goles de venenos.

Farta e falta
diferença alguma entre fazer ou não poesia
o rio corre e a poesia não é só do papel
é do relógio, do copo, do coração e da carne morta na ponta dos dedos.

A onda no encontrdo rio com o mar
é a certeza que tenho do destino da minha saudada
da minha maldade para comigo
para com outros
para com todos
Morro de saudade
e vivo da maldade egoísta no mundo que me ensinou assim.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Não há pesia quando a vida não deixa.
Turva-se a curva do papel borrado.
Palavras são só letras juntas à força
Poesia são elas casadas com musas
sentimentos abertos para dentro
a vida apetecendo um mais que não basta.

Quero a poesia  da pedra
do cacto
do grão mais acre
da areia mais fina.
Não tenho nenhum sentido leve
sensações pueris
submissão do amor.
Tenho sangue que talha o que estou sentindo
e o que sinto agora  é o nada
consequencia da anterior ganância
da soberba de amar.
Não cabe ao mundo sermos  muitos.
Deve-se escolher o mais mediocre o menos afável o mais sorrasteiro esqueleto
a desvirtuosa alma.