terça-feira, 20 de março de 2012

No meu país
milhares de gentes morrem hoje
seja de qual for a bala,
a pedra,
a grana que não apodrece nos cofres milionários.

Eu vi uma criança catando lixo hoje
e meu mundo me pareceu mais fraco que aquele aterro semfim
Distribuído em podridões que aquela gente comia.
Eu pensei em todos e em ninguém no mesmo tempo
e chorar foi apenas um absurdo inábil.
Talvez seja porque está próxima a tua chegada.
Talvez porque os olhos sentem saudade pelo corpo todo.
Talvez porque os ouvidos não esquecem as nossas vozes entrecortadas
conversando sobre o mundo, pequeno mundo de Drummond
e o grande do Amor e da Poesia desses instantes.

Eu me sinto hoje como uma criança que espera um brinquedo.
Talvez porque as pequenas coisas são as mais importantes,
o vento que entrou pela janela agora e me aliviou do calor
e o pensamento de que vens voando me ver seja tão lúdico.

Eu talvez tenha esperado tristes dias
pela perda de muitas coisas
do meu próprio corpo amputado em membro e sentimentos.
Talvez a certeza de dias tristes me dão hoje a esperança de dias lindos
dedicados um a outro em meio a cidade apavorada por homens barulhentos.


Faltam apenas 2 dias!

João

quinta-feira, 15 de março de 2012

Queria ouvir uma música
na voz de quem lê poesia
E sentir o mundo hoje
como se fosse um livro
cujo tempo
não altera o teor da sua história de paixão
e outros lerão para satisfazer-se no fogo das paixões mal resolvidas.
Uma música em que o tom se indefina tal qual meu sentimento outrora
na voz de uma Bethânia ou Gal ou Elis
me deixe só agora ser feliz e se depois for tempo de lágrimas
que eu chore  feito água de rio de Rosa
e ainda eu me perca na terceira margem de outro amor desfeito.

domingo, 11 de março de 2012

Eu queria escrever às vezes com pedra
até ferir as mãos
para delas sairem as palavras que dizem dor.

Eu queria que fossem duras, secas
as letras que se casam e formam teu nome
no poema involuntário,
escrito no impulso de um choro cansado dos olhos
e vagam no rosto inteiro
demorando o tempo da tua chegança.
A chuva parece subir da Terra
e minha saudade partida ao meio.
Divido meu corpo e me encalco por dentro
faço-me menor para caber minhas dores
no coração sem linhas.

Penso deitar-me para esquecer meu corpo e seus desejos
A carne diferente das minhas razões tão bobas.
Mas o mundo me chama do amanhã que me cobra impostos,
me secam os olhos das lágrimas que sempre caem sozinhas.
Finda a noite daqui a pouco
e o meu pensamento ainda é só teu.