domingo, 31 de julho de 2011

Ouvir uma nova palavra
descascá-la nos lábios,
discorrê-la na língua
entoná-la.
Fazê-la parte de você e depois de certo tempo 
a sensação de tê-la tão entranhada 
como se tivessem nascidos juntos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011


Algumas saudades
algumas mortes
Algumas cores, músicas, flores,
cheiros, ventos e mares..
trazem a lembrança de que as coisas não passam,
as coisas ficam,
e permanecem entranhadas na nostalgia
que alimenta o corpo dentro do corpo, o que chamamos MEMÓRIA.
Eu não sabia que no corpo havia tantos espaços vazios.
Que nesses espaços podemos encher de coisas.
Que essas coisas podem ser boas e ruins,
que entre as boas e ruins existem as indefiníveis,
e que eu talvez morra, mas não dê conta de encher esses lugares sozinho. 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Quase chamei teu nome hoje.
Mas não era você!
Era quem eu tinha sonhado ter vivido.
Era com quem eu planejei a falência e o êxito
a fartura e a escassez de beijos.
eu quase chamei seu nome,
mas também eu quase deixava de ser eu
quando a primeira letra da tua alcunha
me tomava o punho da garganta e me tornava
vertigem e sonolência de tristeza.
Eu sempre durmo muito depois de chorar, muito.
Minha maneira de estancar a dor saindo pelos olhos e escorrendo
no território da pele feia de quem chora por amor sem jeito.
O amor nunca tem um jeito, nem peito,
coração.
Mete-se irresponsavelmente no meio do mundo de todos
no meio do cérebros dos tolos
e finge ser a razão única de viver os modos.

‎Na casa do amor
vidas estão em decomposição.
Ali se desconstroem os mais frágeis
se condenam os mais salvos
se suicidam os mais sanos
em troca de qualquer beijo sem presença.