terça-feira, 31 de julho de 2012

A palavra não está estática esperando por nós.
Ela se movimenta em busca,
procura-nos, 
angustiadamente nos caça,
Feito nosso lavor seco de inspiração.
É nessa frenética busca que surgem 
os dionisíacos poemas de amor
Arranjam as flores nas praças, 
os bancos de vermelho foram pintados.
Combinemos a cor do amor e da vergonha.
Ó patria odiada, salve, salve-nos, por favor.
Os espaços construídos para caminhar, sentir a brisa e para dormirem pessoas sem.
Não há comida nem vaga para todos.
Cada vez mais amigos, homens e mulheres concorrem na mesma armadilha, mas se abraçam menos. 
Água, trigo, comida não falta. 
Falta algo menos pensado e menos tredo.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Eu penso sempre duas vezes antes de escrever.
E mais uma outra quando termino,
e ainda outra depois.
Nunca mais ficarei livres dos pensamentos que o poema
me atormentou.
Numa espécie de engasgo eterno eu me estive
quando li o último de Drummond.
E a vida era tão seca quanto uma troce alérgica.

Não havia água para colocar nas flores
e as cores eram contaminadas de fuligem.
O coração batendo ansioso, espantava-se por causa da música
péssima na noite dos outros amantes.
Os medos eram de mão dadas
e cambaleava feito fraqueza de fome.
Eu esquecia quem era
e o que escrevia também.
O autor morria de overdose
mas ressurgia como depois de uma ditadura.
A palavra acompanhou a prisão e o vôo
mesmo assim, ela abandonava a mão que a clamava presença.
O poema não foi escrito porque a música ainda se restaurava nos ouvidos.




Não colocou título no poema
porque nada mais podia receber nome.
Os objetos haviam perdido a função lógica
para a qual haviam sido criados.
As pessoas não pertenciam mais as nomenclaturas dadas
do pai e mãe. Tudo no mundo era uma espécie de novidade
como se a existência fosse duma realidade de dentro do poema.

domingo, 15 de julho de 2012

A dor diz no peito,
engasga na garganta
e se liquidifica nos olhos.
O amor toma o rumo que ele quer.