Não,
não seria um abraço o lençol de que precisava esta noite.
Não seria nem sequer a caricia do teu beijo que me lançaria fora da tristeza de então..
No mundo há o tormento de querer e poder amar,
Desencontro fortuito e contínuo
Determinação e contaminação dos deuses.
O que me salvaria hoje seria a tua presença silenciosa ao meu lado e o teu infinito nome saindo da minha boca acompanhado de eu te amo, e ao fundo uma canção de saudade. Seria o abraço meu no teu corpo inerte, sem corresponder, apenas parado debaixo das minhas mãos, prontos lençóis de caricias.
O que desejo, amor, é que tu sejas comigo como agora eu sou ao teu lado, mesmo distante. Que saibas da lagríma guardada em vidros, das cartas em baús e cofres, do sangue doado a cada poema e dos naufrágios noturno dos meus sonhos que martelam no meu futuro indeciso.
domingo, 30 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Junto ao poema me deito
quero senti-lo ao lado
companheiro da inseparável solidão noturna.
O cigarro exposto sem ganas de vir a boca
o copo vazio longe da minha mão seca
o coração por dentro tinto e doendo
Há uma música piorando o cenário do meu drama
roteirizado pelo fracasso e desentedido amor.
Falta-me caneta, papel e palavras
e segue a noite...
flutuando sobre a sala solitária da lembrança
quero senti-lo ao lado
companheiro da inseparável solidão noturna.
O cigarro exposto sem ganas de vir a boca
o copo vazio longe da minha mão seca
o coração por dentro tinto e doendo
Há uma música piorando o cenário do meu drama
roteirizado pelo fracasso e desentedido amor.
Falta-me caneta, papel e palavras
e segue a noite...
flutuando sobre a sala solitária da lembrança
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Pensei em pedir perdão
Ser tolo é quase tão inevitável como perder o grande amor.
Pensei em voltar atrás
Veio um carro e atropelou meus argumentos, minhas cartas e minha inspiração.
Será por que sou libriano?
Ou por que a culpa é sempre uma mortalha amarrada ao corpo,
um sentimento vitalício.
Mas a maçã adâmica era tão doce!
E por que me deram, e por que não comê-la?
Não seria o arrependimento outro nome à culpa: o não ter cometido.
Prefiro o tudo ao nada,
a lágrima por não ter a escolha
e disfrutar por tempos da tua ausência.
Ser tolo é quase tão inevitável como perder o grande amor.
Pensei em voltar atrás
Veio um carro e atropelou meus argumentos, minhas cartas e minha inspiração.
Será por que sou libriano?
Ou por que a culpa é sempre uma mortalha amarrada ao corpo,
um sentimento vitalício.
Mas a maçã adâmica era tão doce!
E por que me deram, e por que não comê-la?
Não seria o arrependimento outro nome à culpa: o não ter cometido.
Prefiro o tudo ao nada,
a lágrima por não ter a escolha
e disfrutar por tempos da tua ausência.
Fui procurar vários poemas nos poetas preferidos
Não encontrei um sequer que me revelasse em versos a dor do amor,
sacrificante e satisfatória.
É que o amor, mesmo não doendo, dói...
e quando resolver maltratar
não sem muita ferocidade é reticente e refratário
mata o que na vida ainda restava de alegria
e a gente emburaca o desejo toda a busca que até antes de
ontem era a razão vital.
Resta tomar um lençol e pôr debaixo do peito
Tomar um bom vinho, escutar um tango
e recordar um pouco, lendo Neruda.
Não encontrei um sequer que me revelasse em versos a dor do amor,
sacrificante e satisfatória.
É que o amor, mesmo não doendo, dói...
e quando resolver maltratar
não sem muita ferocidade é reticente e refratário
mata o que na vida ainda restava de alegria
e a gente emburaca o desejo toda a busca que até antes de
ontem era a razão vital.
Resta tomar um lençol e pôr debaixo do peito
Tomar um bom vinho, escutar um tango
e recordar um pouco, lendo Neruda.
Anoitecer
(Carlos Drummond de Andrade)
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo
É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz - morte - mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
gasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
Carlos Drummond de Andrade- A Rosa do Povo
(Carlos Drummond de Andrade)
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo
É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz - morte - mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
gasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
Carlos Drummond de Andrade- A Rosa do Povo
domingo, 23 de agosto de 2009
Sempre nos nossos encontros há deuses
Calçada com lixo
Jardim desflorido
Pano rasgado
Seio sem leite
Criança chorando
Orgasmo sem gemido
Silêncio sem música.
O tempo todo numa mordaça
O pescoço engasgado
A mão, trémula
O coração se acostumando
E há deuses
Mitologia amorosa em bancas de revista
E a poesia sem saber mais o que escrever.
Calçada com lixo
Jardim desflorido
Pano rasgado
Seio sem leite
Criança chorando
Orgasmo sem gemido
Silêncio sem música.
O tempo todo numa mordaça
O pescoço engasgado
A mão, trémula
O coração se acostumando
E há deuses
Mitologia amorosa em bancas de revista
E a poesia sem saber mais o que escrever.
sábado, 15 de agosto de 2009
Queria escrever dois poemas de amor
em que neles me confessasse mentindo
mas seria preciso
amor,
mais saudade.
O que há em mim é o tormento do mundo menor que o meu coração
O mundo que não é maior que Drummond
o mundo que faz barulho nos carrosda pista escura
o barulho que faz meu coraçã falar por mim
ele geme, ruiva, estremece e morre, antes de tudo
como se nunca fosse existido, como se eu tivesse morrido no alfa
Busco um fim para a s coisas, mas elas
só começam
só reclamam
só dizem, só buscam
e eu finjo que vivo em paz com todas elas
em que neles me confessasse mentindo
mas seria preciso
amor,
mais saudade.
O que há em mim é o tormento do mundo menor que o meu coração
O mundo que não é maior que Drummond
o mundo que faz barulho nos carrosda pista escura
o barulho que faz meu coraçã falar por mim
ele geme, ruiva, estremece e morre, antes de tudo
como se nunca fosse existido, como se eu tivesse morrido no alfa
Busco um fim para a s coisas, mas elas
só começam
só reclamam
só dizem, só buscam
e eu finjo que vivo em paz com todas elas
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Da palavra fugindo
Do medo dos anzóis tirarem do mar mais ferocidade
E a solução do amor, de repente?
Mas precisa-se na vida fazer tudo ao mesmo tempo.
Porque depois, ou, logo, se morre.
O pão pode não mais ser feito
O grão não ser aguado
E o medo de perder inflacionar.
Preciso escrever uma carta sem envelope
e dedicar o poema mais belo.
Para você esquecer logo de mim e eu me acostumar
com a feiúra dessa pintura
Que fizeram de nós, separados.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Contas a pagar=
Faturas vencidas%
Lojas fechadas]
Gente demais na rua*
Carro buzina a avenida!
E um monte de homem e mulher
fingindo chegar ao trabalho e a casa.
Perderam- se o dia todo
O beijo do filho
o calor do amado
o almoço temperado com calma.
Cidade grande é assim mesmo
cresce rápido e diminui os seres da gente.
Faturas vencidas%
Lojas fechadas]
Gente demais na rua*
Carro buzina a avenida!
E um monte de homem e mulher
fingindo chegar ao trabalho e a casa.
Perderam- se o dia todo
O beijo do filho
o calor do amado
o almoço temperado com calma.
Cidade grande é assim mesmo
cresce rápido e diminui os seres da gente.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Durmo no teu colo de tormento
Choro guardado pra ser feliz
Olhos disfarçando o medo de tudo.
E o mundo fora de nós.
Blasfemamos contra o oposto ao amor
Fujamos pela imaginação
aos desertos de sal
às montanhas chilenas
Para dentro das petálas das rosas vermelhas.
O nosso amor brincando no jardim
de olhos fechados, pensemos.
Não nos beijaremos para não acordar do sono
do sonho tido como verdade
da verdade falível de todos
e nós deitados, fixos ao corpo inteiro, faltando espaço.
Choro guardado pra ser feliz
Olhos disfarçando o medo de tudo.
E o mundo fora de nós.
Blasfemamos contra o oposto ao amor
Fujamos pela imaginação
aos desertos de sal
às montanhas chilenas
Para dentro das petálas das rosas vermelhas.
O nosso amor brincando no jardim
de olhos fechados, pensemos.
Não nos beijaremos para não acordar do sono
do sonho tido como verdade
da verdade falível de todos
e nós deitados, fixos ao corpo inteiro, faltando espaço.
domingo, 2 de agosto de 2009
Só a morte nos separa? Mentira.
É ela o máximo encontro
Um verdadeiro passear eterno
em jardins e cemitérios
flores na mão, nada de tempo.
cheiro de céu
chão de nuvem e lá no alto de tudo:
o amor pra sempre
absoluto e como nunca vimos antes
sou teu noivo e tua noiva
todo de branco e azul
rosa vermelha no bolso
nada mais absurdo e comum
do que o beijo de "tudo está consumado"
consumado, consumido
amado x amado
como num jogo de corpo e alma divinizados
É ela o máximo encontro
Um verdadeiro passear eterno
em jardins e cemitérios
flores na mão, nada de tempo.
cheiro de céu
chão de nuvem e lá no alto de tudo:
o amor pra sempre
absoluto e como nunca vimos antes
sou teu noivo e tua noiva
todo de branco e azul
rosa vermelha no bolso
nada mais absurdo e comum
do que o beijo de "tudo está consumado"
consumado, consumido
amado x amado
como num jogo de corpo e alma divinizados
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