terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Eu não sei se amo mais o mar ou as montanhas.
Se prefiro me esconder ou me afogar.
Afundar todo o corpo e me deixar líquido
ou ganhar a solidez das pedras e árvores juntas.

Eu não sei se no amor somos mais mar ou mais montanha.
Se, apesar de caminhar para cima exaustivamente, preferimos pensar em chegar
ao cume e ali plantar nossos pés altivos como se pudéssemos voar.
Ou se escolhemos a profundeza e o segredo das águas que agitam nossas
vontades e nos levam para onde quiserem, depois nos expulsam ou nos transformam em concha
para ali guardamos intactamente o amor que não se cumpriu.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O poeta vê as coisas por dentro.
Em sua miscroscopia toma o interno
e sai a desvendar o caminho para o fora
onde simplesmente se vê em carne as coisas
e nosso julgamento catequizante de espirito superficial
em todos os milênios.

O verso, a rima, a música, são combinações micro-orgânicas
das palavras,
são suas veias.

Por isso e talvez a poesia é também coisa dificil
dura como a madeira que se ajusta em espaço e se faz árvore.
No sentimento também o poeta adentra para o que dói mais,
e por isso mais sente, mais chora e mais morre,
obedecendo o ciclo das coisas e seu descobrimento definitivo num depois.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

No corpo cabem todos os sentidos
Todos os sentimentos e as pessoas quase prontas.
As pontas dos tedos guardam os cheiros.
Os olhos fixaram o abraço que foi dado há muito tempo
E o olfato reconhece a cor do cabelo e a espessura das espaldas.

No corpo guardo os movimentos de ida e volta na vida
dos que partiram e voltaram
dos que disseram voltar logo e não,
das mortes que afirmam a natural perda de coisas imensas para sempre
E tudo isso se manifesta quanto canto, danço ou choro.

Gostaria de gritar às vezes
mas as pessoas quase nunca aceitam o barulho
Elas suportam motores, máquinas, seus próprios gritos interiores
Mas o meu não tem permissão de alcança-los,
por isso grito repetidas vezes para meus ouvidos próprios
mas grito sem garganta
um grito que não liberta, mas aperta menos o peitos
das dores que ocupam mais espaço que as flores.

No fim de tudo quem sabe,
desse movimento nostálgico que é a vida
talvez eu econtre o passo certo,
o equilíbrio realmente estável,
o tempo oportuno para fazer todas as coisas e encontrar todos os amigos
no espaço de um mesmo corpo
onde cheiros vêem, olhos escutam, ouvidos comem,
e a pele respira todos os tipos de abraço.


A morte decide tirar amigos.
Decide-nos uma saudade para vida inteira.
E ficamos a procurar latejantemente
do último encontro,
da última palavra, e quando o reencontro nos surpreenderá.
Mas eu só queria ter dito um adeus.
Saudade, Marco Antonio C. Fonseca!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


presente de aniversário atrasadíssimo (sem internet em casa)
o passado reminiscente
do sentimento verde
das pompas da noite
da poesia terra fértil
das conversas que escorrem pela mesa do bar
do prazer gratuito percorrendo desejos subversivos
versos pra ti, juanito
um belo ser que existe

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Eu queria te comprar flores.
Escrever mais um verso.
Deitar ao lado e, quem sabe,
não dormir. Mas eu queria!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"Sim, a vida seca.
Mas os olhos molham, os olhos rios que vão apenas,
como todos os rios.
É naquele ponto de mar-rio onde o doce e o salgado se encontram.
Ali está o sentido da vida
e a mistura de gentes, coisas, lugares e sentimentos que avançam
a nosso favor ou contra.
É preciso arriscar um tiro, um salto, um voo,
ou vários ao mesmo tempo."