terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vanidad sin permiso

Minha mão resolveu escrever sozinho
Faz tempo também não preciso de um par de pernas para caminhar
Vida curta, vida corta,corta
amputa, tira e  espreita-nos em faltas, os próprios fatos

Vida vicia e escarra no meio da cabeça.
É assim mesmo, disse minha mãe ao telefone, sempre confidente de quase tudo.
E falta vinho na geladeira
falta muita coisa!
falta eu arranjar as flores nos jarros

ordená-las num jardim que sempre quis ter
Meu irmão liga
tristeza, saudade, sombras na vida  o fez telefonar para mim
emoção infinda, irmão é irmão e saudade cabe sempre entre todos
Tenho saudade, descobri isso hoje 
pensei que sentisse muito e há muito tempo
mas valeu-me sua  presença hoje
na verdade saudade é um sentimento ausente
mas presencia a lágrima soltando sozinha do galho do olho
Detesto lenços
eles me lembram velório e óculos.
Hoje li tanta coisa
e minha carta estava vazia
ouvi Debussy, dancei só: é tão bom! É tão grande!
Dancei feito Nijinski, amei como Nijinski
Fui à certidão da loucura quando dancei Nijinski 
e corri o corredor várias vezes tentando imitá-lo
Como? A vida é minha, única úmida

mas o vazio das coisas nos enche de muitas outras, quais sejam:
dormência, força, cãimbra, vício, dúvida e música
e o dia passou inteiro pelo meu relógio de bolso
recuperado desde 2005, mas sem tocar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário