Vivo da ausência do meu corpo
ele todo não existe
mas o sinto como se inteiro fosse meu.
Ando sem pedaços de mim
sem a perna externa e interior que arrancaram
da vida que me amputaram diante dos meus gritos
de blasfêmia
e meu medo desesperado deitado.
Cãimbras, puxões, choques, fisgadas
minha mãe sem mãos
meu pai sobrevivendo dormindo.
Madrugadas de ilusões perdidas
mendigava viver mais
vomitei noites e noites e noites
e tive pena de mim
muita pena
e nada mais infâme na vida do que ter piedade dela própria,
mas só eu poderia fazer isso
sentir que sem mim o mundo se revelaria o mesmo
os poemas de agora não se escreveriam
a vida não teria mais horas.
domingo, 27 de junho de 2010
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