terça-feira, 29 de junho de 2010

Quando criança aprendi a contar os dias
as noites eram curtas no meu sonho.
Os dias cheiravam às férias no sertão
aos medos de sapo
aos banhos em açudões e mares.
A infância gerou-me brincadeiras e choros
quase ao cabo da segunda meninice
o sangue jorrou do meu joelho
e eu me vi no espelho
dias depois
megrelo careca e feio.
Banalizado em hamacas tingidas no vermelho
de plasia que me tirava sangue e vida.
Desequilibrei-me desde então
dentro e fora
em cadeira de roda
e a escola era meu espaço de fuga e vergonha.
Aprendi rápido que a vida é um fósforo queimando os dedos
que sobram cinzas a cada momento mastigado
absolvi o cheiro das coisas, a velocidade do amor
o som da flauta e a breviedade do poema.
E a memória do que fui nesse tempo
é a própria vida gigante dos olhos caindo.

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