quinta-feira, 17 de junho de 2010

Das necessidades imediatas

É preciso sonhar acordado
assoviar um chorinho inventado,
acreditar na morte
negar o espírito
seguir as regras
trair,
visitar enfermos
ir embora
matar insetos
protestar um dia
encher baldes de frutas
tomar um seio nas mãos
sentir a falta
fazer sexo
acordar tarde
estudar pouco
abandonar um livro.
Levantar e sair
não ver espetáculos
criticar um exposição
otimizar o tempo
digitar um texto
comer demais
dormir com alguém
excluir alguém
pensar no outro
pedir emprestado
roubar uma caneta
fingir que não somos
sentir asco
esquecer a bolsa ou o guarda-chuva
tomar banho junto
vestir-se de lama
olhar o mar
caminhar descalço
procurar vídeos
mentir de vez em quando
compartilhar amigos
cantar desafinado
ficar bebum
cuspir no chão
pisar a grama
andar à noite
esconder dinheiro
não emprestar
encher o copo,
dar um presente
desejar um ídolo
rezar para ninguém
ser você mesmo ou pensar que é.

Pintura- A Beleza do ser-para-a-morte. Roberta dCosta

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