segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


Sentar-se ao lado de um crucifixo velho
lembrar-se que se morre todo dia.
Pôr as mãos juntas para que não se desesperem
e os cravos de alguma armagura
não as deixem definitivamente separadas.
Rezar  ave-maria abraçando a  morte
como uma pietà de joelhos no inferno
como um desconsolo de Pedro
que não sabe se ama mesmo, se ama.

Há um abismo em fazer-se cego diante dos livros
em pensar que não lemos
não escrevemos as pessoas em nossos cadernos
superiores.
Há um ateísmo falso
quando se toma o corpo
e na luxúria, na carne, aumenta-se as horas
sem alma e sem caridade.

A noite é maior do que o dia
e me impõe segredos que eu mesmo não me conto,
por isso me deito e fujo
e a lenta  madrugada acontece
como se nada em mim permancesse.

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