quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


"Quando conhecer tua alma, pintarei teus olhos."
Modigliani: Jeanne
A noite colocou em tela tua figura
meus olhos não cansaram de estar boquiabertos.
A noite escura pintou teu rosto em cinza.
Teus olhos? Quase não os via.
Tua boca foi um detalhe quase esquecido.
A poesia te coloriu melhor nas minhas folhas brancas
Assim como és perfeitamente nos meus quadros.
Os pincéis da nossa paixão quase esquecida
borraram alguns instantes e tintas.
E eu me vi tolo a rasurar um próposito de orgulho.
A voltar para casa sentado num tílburi moderno,
onde a velocidade produz um som negro
e uma desilusão quase imposta.
Descobri-me não pintor, mas outra vez poeta.
Voltei para casa, lá os poemas estavam, de certo,
e pintei meu rosto resoluto e descoberto.
Mais uma vez a vida me ofereceu um gole de fel e tinta preta
e nenhuma inspiração que me fizesse ser teu pintor, não mais poeta.

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