quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Van Gogh


Amor é uma coisa.
Coisa é um substantivo masculino ou feminino que se adequa a qualquer outro
e não se determina consistente.
Cada um, sendo coisa ou humano
pode versificá-lo como quer ou lhe convém.
Que coisa o amor
Exatamente assim
diz e repete o ser ao qual essa coisa  falta.
Que também (não) me cabe.
Que me joga contra a parede ou para além dela.
Me põe enganado para dormir
E quando acordo leio Dos Anjos:
O amor na humanidade é um mentira!
Concordo em parte com o mais novo poeta.
Porque provo do amor o que ele propõe de mentira e verdade
O que o faz o sentimento mais escabroso e inútil
Ah! Sua maquiavélica mecância de seduzir, iludir, redimir, usufruir de toda cacofonia
resistente em seus seres doloridos: seja ele um homem, uma mulher ou um poema.
Circunstâncias incertas e diretas em cama mesa e banho, onde o amor acontece.

Para falar do amor é fácil
O segredo é não ser composto, mas simples
É não viver seus sentimentos sem escrúpulos
não sentir todas as alegrias:
a vertigem de um momento preenchido por dois seres à noite
os suicidios paulatinos
os homicidios regeneradores e macabros de nós e do outro.
Loucura(s), singular ou plural
é o que resta na coisa no amor
uma coisa que o poema
humilhadamente não logra

sobram excessivas razões para...
E o coração, velho átrio para
o sacrificio de todas as horas.

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