quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um copo de vinho ao lado
uma cama sem cabeçeira nem criado mudo.
A noite semi-burguesa de geladeira vazia.
O medo de que a chuva seja ainda mais forte que ontem
são preocupações vazias que me alcançam o começo da solidão.

Abro O Caim de Saramago
As palavras assaltam o meu imaginário e tentam me tirar da cama.
Inquieto minha leitura sempre que me vejo no meio da verossimilhança.
Sou eu o protagonista, o vilão
a circunstância clímax que escolhe o autor para
desenrolar um desfecho menos óbvio,mais  literário.

Ar, mas dessa vida real tenho mesmo muito pouco!
Dentro das páginas folheio com minhas mãos
aquilo me poderia passar num romance
mas não  haverá um Capitúlo I.
Não tenho mãos para me comppor
não sou o artífice para degenerar o real naquilo que ele pode se desfazer: ficção.
Danço canto e choro aqui neste plano de mundo
sonho para que estrelas continuem a iluminar um céu
espero vê-las à  noite detrás da fumaça citadina que me resta.
Vou para a cama estando já desde centenas de minutos
e insonho de olhos fechados o meu melodrama salvífico
de todo (o) dia esperar que eu seja outrem
que abram portas
que me deixem mais humano e menos livro.

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