quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Leio todo dia Ferreira Gullar
lembro sempre um trecho de Rosa
Me atormento com as frases de Clarice
Me embrago com Drummond e vinho.

Converto-me em ateu com Murilo
Escandalo-me com Piva
Fecho as portas ao amigo com Rodrigues
Viajo na consciência de Ramos.

Enxergo literatura no motor do automóvel poluente
descubro um verso no papel sujando a calçada estreita
Vejo rimas na desigualdade social do meu país
mas não mudarei nunca o mundo com a poesia
esse mundo que dizem ser meu
mas que nunca me apresentaram com beijos saudáveis.
Sou um errante na natureza artística dos edificios feito por aquitetos burros,
que engoliram dinheiro e vomitaram concreto de 30, 40 andares pela
beira mar de minha cidade natal.
Sou um eterno revoltado por morar bem e negar esmola para o mendigo mais infame
Sou um pobre coitado prestes a morrer de medo da janela aberta
de casas, carros e cofres públicos.

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