Há anos não te escrevo,
mas agora mesmo um engasgo da palavra saudade atravessou-me o pescoço por dentro.
Choro-me, chovo-me inteiro
porque em tardes de domingo as nuves escondem o sol e são maiores e escuras.
Tenho saudade de tudo
o café já tomei, minha boca já o estranha
a água de ontem
o sono à noite
tudo me é ausência de tudo.
Sou todo inteiro da saudade e de um computar com tela branca esperando meu poema
a Poesia é a única depois de anos que não me visita
a que resolve acenar e dizer adeus.
Um banco vazio da praça acusa também a solidão
A tarde de domingo é em si mesma sozinha
e acompanha os suicidas em sua decisão.
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