quarta-feira, 27 de outubro de 2010

TATEANDO

                    rufino tamayo

Alça-me a dor da menina perdendo um corpo
O mundo não gira hoje para ela
o dia passa longo pela janela branca
e o cheiro de deformações insultam suas narinas.
O consolo quer ser ouvido
Não há nenhum poema que me mate ou redentorize no momento
Não tenho cruz nem salvo almas
Meu pecado é ser inútil nas horas rubras da vida.
No meio de tudo
os seios maternos choram o ventre que pariu o presente sofrimento
O choro do pai no canto escondido
esbelta a vida que iludiu o para sempre.
O fim da tarde de domingo convida outra vez
a morbidez, o pranto que escure de  nuvens esguias o céu daquele dia.

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