quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A árvore no meio da caatinga suntuosamente sobrevive.
A pouca agua sulcra suas raízes e lhe salva do mundo seco,
das pessoas secas,
do barro seco.
Meu coração, não
se árida pela falta de líquido nos olhos,
pelo excesso de dor dos outros.
Pela subtração da alegria e supervivência com a solidão, irmã idosa.
O caminho do sertão é longo, grande, claro e cheio de pássaros escuros.
As pedras gigantes de Quixadá
lembram-me que viverei talvez oitenta anos
e continuará lá a rocha de que meu coração não é feito.
A vida é a essa experiêcia letal
os dias nos apressam as experiências logo
e nos reserva flores e ataúde.
O tempo é esse companheiro sátiro
que deu rocha à montanha e músculo ao meu corpo insano.

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