domingo, 17 de maio de 2009

DEPOIEMA





A garganta do mundo grita a cidade filha da puta.


A realidade é obscena, prostíbulo da vida e dos "humanos":


Zero à esquerda e à direita da bala perdida.


Um braço amputado e o coração atingido


num grito da mãe e de todos os parentes diante da caixa que leva o corpo:


_ Apenas o que restou!




E o mundo reviravolta na cabeça de quem feito eu grita pra dentro: _Eu não posso fazer nada!.


Tarde de domingo que anestesia a violência no peito e na vida.


Fotografias mortas e pessoas perambulantes nos morros e favelas, sinônimos!


Gente de carne preta (quase-sempre)


e sem dinheiro, portanto, sem alma, é óbvio.


Edifícios longos lá no sul dificultam o enfrentamento da fatalidade matando


porque o cartão-postal é mais importante.


E eu sou assassinado brutalmente pela imagem que de relance percorre meus olhos


agora e pronto.


Deitado assisto à tragédia greco-romana num brasil pouco clássico.

Escrevi esse texto logo após assistir e presenciar o documentário Abaixando a Máquina de Guillermo Planel

Nenhum comentário:

Postar um comentário