quarta-feira, 28 de janeiro de 2009


Minha terra tem coqueiros
onde crianças famintas não cantam
as aves são coloridas e a caatinga, acinzentada
que nem os olhos do vaqueiro num dia ensolarado
Minha terra é uma farsa apaixonante
tem mulatas e negros e armas
drogas a granel
e mães sem peitos que embranqueçam o sangue dos seus filhos.

Minha terra as vezes dói de tão diversa
mas a pobreza e a misérias são extremas e semlhantes
Tem carros importados, de bois, de ambulantes e de catadores de lixo.
E há quem diga que essa mera e absurda diferença nos torna belos perante outros,
por favor, quero uma aquarela diferente
em tons quaisquer que me digam de gente sorrindo e estômagos cheios
de espíritos letrados e de artesãos
e de artistas pagos,
Todos num mesmo quadro,
sem impostos não devolvidos
sem bandidos em Brasília a discutir seu saldo do mês
sem freguês de outra terra a mandar e desmandar
quero a natureza a mamar no seio da mãe Terra
quero a seiva do homem feito homem e da mulher feito mulher
quero ver minha gente a cantar "Vai passar"
num carnaval sem tanta fantasia
quero João e Maria vvendo ali, do nosso lado
não quero este retrato de cores divididas
repartido defronte a tela de TV descolorida
que abusa da vida e emburrece os olhos de quem vê.

Ai quem me dera voltar pra lá um dia
e ver outra hitória se repetindo, não a minha.

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